Por Hélio Schwartsman A filiação de Marina Silva ao PSB de Eduardo Campos foi um golpe de mestre ou representa o embarque numa canoa furada?
Em termos puramente aritméticos, a decisão de Marina mais subtrai do que soma.
Se o objetivo da oposição é derrotar Dilma Rousseff, deve antes forçar a realização de um segundo turno, para o que, quanto mais candidatos competitivos estiverem na disputa, melhor.
Obviamente, Marina e Campos sabem fazer essa conta.
Se resolveram se juntar, é porque acreditam que a aliança vai alterar a dinâmica do processo eleitoral, rompendo a polarização PT-PSDB, que se repete em graus variados de magnitude desde 1994. É uma aposta interessante.
Em seu favor, a dupla tem o fato de poder apresentar-se como uma oposição à esquerda –ambos foram ministros de Lula–, o que, no Brasil, sempre faz mais sucesso do que o discurso liberal ou conservador, ainda que, no poder, nenhum governo hesite antes de ligar-se ao que há de mais atrasado na política do país.
Se a estratégia tiver sucesso parcial, o grande derrotado terá sido o PSDB, que perderia o posto de segunda força e o direito de medir popularidade com Dilma num segundo turno.
Contra o socialismo verde pesa a natureza humana.
Campos e Marina não chegaram a definir com clareza quem será a cabeça de chapa em 2014.
O governador de Pernambuco tem a máquina do partido, mas a ex-senadora traz consigo a preferência de mais de 20% do eleitorado.
Não será, portanto, um casamento fácil.
De todo modo, só se poderá carimbar que a aliança foi mesmo um golpe de mestre se a dupla conseguir derrotar Dilma, que tem a enorme vantagem de estar no comando do governo federal.
Aqui, eles precisariam de auxílio externo, que poderia vir na forma de uma sensível piora da economia –cenário pouco provável–, ou de uma nova crise de mau humor, como a de junho.
Mas aí já estamos falando do imponderável.