Tucano diz que Marina ainda pode entrar no páreo em 2014 e vê PT derrotado por ruptura com governador do PSB Em Nova York, senador afirma que PSDB terá ‘palanque sólido’ em São Paulo, com Alckmin e Serra juntos Da Folha de São Paulo em Nova York O senador mineiro e presidenciável tucano, Aécio Neves, disse que o PT sofreu uma derrota dupla ao não inviabilizar a candidatura de Marina Silva à Presidência –o que ele não descarta– e ao perder o governador Eduardo Campos (PSB) para o campo da oposição.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista à Folha concedida em Nova York, onde Aécio faz hoje uma palestra para investidores: A dobradinha de Marina e Eduardo Campos foi uma surpresa?
Aécio Neves - Não há por que não admitir que foi uma surpresa.
Claro que a surpresa da decisão leva a todo o tipo de avaliação, mas o que é muito claro é que temos hoje dois ex-ministros do presidente Lula no jogo eleitoral atuando no campo da oposição.
São muito bem-vindos.
Em uma eventual candidatura do PSB, o PT sofre uma derrota neste primeiro momento, porque trabalhou neste último ano para inviabilizar uma candidatura da Marina.
E, por meio do presidente Lula, para a cooptação do Eduardo ao campo governista.
Não aconteceu nenhuma dessas duas questões.
Nas conversas com o Eduardo, fica muito claro esse distanciamento em relação ao governo.
Confio que, naturalmente, durante o processo eleitoral, o nosso antagonismo em relação ao governo é o que vai nos aproximar.
O senhor diz que o PT teve essa dupla derrota, mas eles dizem que um candidato da oposição a menos os favorece.
Eles queriam que a Marina não estivesse no jogo.
Ninguém pode dizer que amanhã não será candidata.
E nós sempre tivemos uma preocupação com a manutenção da candidatura do PSB.
Sempre pairou uma certa dúvida, se ia até o final, se o presidente Lula faria um apelo e Eduardo sairia do jogo.
Hoje, a candidatura do PSB, se não é uma certeza, pelo menos avançou muito nessa direção.
No campo do PSDB, todos os passos que nós tínhamos de dar e os riscos que podíamos ter de algumas saídas não existem mais.
O Serra fica no partido, e isso é importante dentro do PSDB, candidato ou não.
O Álvaro Dias, também.
O PSDB manteve-se unido, e a hora é de construir o nosso discurso, que não será mais esse discurso que o PT propõe de “nós contra eles”.
O senhor acredita mesmo que Marina vai ser vice?
Não é uma travessia simples.
Ela diz que sim, mas vai ser sempre um nome à disposição independentemente até da sua própria vontade ou do que pretenda o Eduardo.
Marina e Eduardo são figuras políticas respeitáveis, que já estiveram no governo e por isso talvez conheçam muito bem e tenham mais razões ainda para estarem contra.
Na conversa em que se aproximaram, Campos aceitou dialogar com a garantia clara de que Marina fosse só a vice.
Nessa conversa que o senhor teve com ele, no fim de semana, isso não foi comentado?
Não chegamos a falar disso.
Mas a política é o imponderável.
Muitas vezes a sua intenção hoje não se realiza amanhã por absoluta desconexão com a realidade.
O sr. precisa de um palanque forte em São Paulo.
Como fica?
A Marina sobe com Alckmin nesse palanque? (Risos) Olha, em relação à Marina eu não sei dizer.
O nosso palanque em São Paulo se solidifica com a presença do Serra e com a candidatura do Geraldo.
Quem tem hoje um palanque sólido em São Paulo somos nós.
Os outros vão ter de construir.