Foto: Aluisio Moreira/SEI Por Paulo Veras, repórter do Blog de Jamildo Não é à toa que o governador Eduardo Campos (PSB) adotou o discurso de independência ao Governo Federal, sem assumir uma postura de oposição.

De acordo com socialistas ouvidos pelo Blog, a estratégia do pernambucano para alcançar o Palácio do Planalto inclui permanecer no mesmo campo gravitacional da presidente Dilma Rousseff (PT) para disputar a parcela do eleitorado do PT.

Eduardo acredita que não conseguirá chegar ao segundo turno se disputar votos com a oposição.

Nos bastidores, o cálculo é que a oposição formal deve ficar restrita a um teto, que não iria muito além da casa dos 20%.

Se dividir essa parcela do eleitorado, Campos deixaria espaço para que Dilma seja reeleita no primeiro turno.

Já o governo possuiria mais potencial de voto na análise do partido.

Em março, antes das manifestações de rua, Dilma tinha 58% no Ibope, contra 9% de Aécio.

De lá pra cá, mesmo com o tombo da petista, a soma das candidaturas da base do governo (que incluiriam Eduardo e Marina, além da presidente), teve no mínimo 57% das intenções de voto.

O índice foi atingido justamente em julho, após as grandes manifestações.

Na época, Aécio alcançou seu pico no Ibope, 13%.

A ideia do PSB não é que Eduardo chegue à frente no dia da eleição, mas que consiga arrancar votos suficientes do PT para ficar em segundo lugar.

No segundo turno, os votos dos tucanos tenderiam a migrar para ele, ao invés de Dilma.

Desde que conseguiu filiar ao PSB a ex-senadora Marina Silva, Eduardo pode contar ainda com a migração de parte dos votos que ela possuía, uma vez que a Rede fará parte da campanha socialista.

No cenário desenhado por Campos, a retirada da candidatura de Marina acabou sendo bem estratégica para os socialistas ouvidos pelo Blog.

Além de diminuir o leque de opções do eleitor, a ida da ex-senadora para o PSB garantiu a Eduardo uma vitrine com parte da população que cobra uma mudança na política nacional, principalmente os mais jovens.

De acordo com os socialistas ouvidos pelo Blog, o partido já estaria se preparando para enfrentar o PT durante a campanha.

Eles acreditam que os petistas vão tentar empurrar Eduardo para a oposição, justamente para preservar o eleitorativo que é cativo ao Governo.

Na manhã desta segunda-feira (7), em entrevista à Rádio Jornal, o senador Humberto Costa (PT) afirmou que considera a candidatura de Eduardo como parte da oposição.

Há 20 dias, quando entregou os cargos que o PSB possuía no Governo Federal, o governador pernambucano fez o possível para demonstrar que não deixariam a base aliada, apenas adotariam uma postura mais independente.

Precipitado pela pressão do PT, o desembarque do Planalto ocorreria, a princípio, no final do ano.