Foto: Teresa Leitão/BlogImagem O que está por trás do adiamento dos debates do PED em Pernambuco?
Por Edmilson Menezes Candidato a presidente estadual do PT, pela chapa “Constituinte, Terra, Trabalho e Soberania” O único argumento de todos que defenderam na reunião da Executiva do PT, que ocorreu a poucas horas dos primeiros debates programados no PED em PE, para adiar o debate no Recife (entre os candidatos a presidente estadual do PT) do dia 04 para o dia 31 de outubro, e, no Cabo e em Caruaru (entre as chapas ao diretório estadual) de 05 para 27 deste mês, foi de que era preciso adiar para“evitar contaminar os debates no PED pelo tema da saída de vários parlamentares do PT para o PSB”.
Terá sido essa a razão verdadeira pela qual, a Executiva Estadual, após quase três horas de discussão, finalmente, por 13 votos contra 2, aprovou o adiamento desses debates?
Merece registro o fato de que nessa reunião, aliás, bastante concorrida, que contou com a presença de vários convidados (candidatos ao PED, parlamentares, dirigentes intermediários, entre outros), e foi marcada pela ausência das principais lideranças públicas do PT (João Paulo, Humberto Costa, João da Costa e Oscar Barreto), dos três candidatos a presidente estadual do PT presentes (além de mim, Teresa Leitão e Wladimir Quirino), apenas eu, juntamente com o deputado Fernando Ferro, tenhamos defendido contra a proposta de adiamento dos debates, apresentada por Pedro Eugênio (presidente do PT-PE).
O argumento, levantado por todos que tomaram a palavra e defenderam o adiamento, era um só: “não contaminar os debates”.
Trata-se de um argumento que, como ficou demonstrado na oportunidade, tanto por mim, quanto pelo deputado Fernando Ferro, não se sustenta a um exame sério.
Pois, se trata, exatamente, do seu contrário: nesse momento, mais do que nunca, é preciso, no debates do PED, confrontar a posição dos candidatos a presidente e das chapas ao diretório estadual com o que está ocorrendo com o PT (o que integra a revoada dos pseudos-petistas para o “ninho da pomba”, o PSB); e, principalmente, é preciso escutar, dar a palavra e dialogar com os militantes, pois eles querem entender o que está acontecendo, para poder defender o PT, para poder trazer o PT de volta para a militância, já que eles estão sendo chamados a eleger as futuras direções do PT, em todos os níveis, nesse PED.
Se o argumento para defender o adiamento era falso, como ficou amplamente demonstrado, então qual a verdadeira razão pela qual, a exceção minha e de Fernando Ferro, além dois companheiros da Executiva Estadual (Ubirajara – CNB e Marineide – DS) que votaram contra o adiamento, a maioria da Executiva Estadual do PT a votou favoravelmente à proposta de adiamento do presidente do PT?
Em minha opinião, só pode existir uma única razão: o medo-pânico da maioria da direção do PT de que militantes e setores da base social histórica do PT, nesses debates, com suas perguntas e intervenções, questionasse porque, mesmo acontecendo tudo o que está acontecendo, a direção do PT em PE, insiste em não romper com os governos do PSB: com o governo de Eduardo Campos em PE e com o governo de Geraldo Júlio na capital.
Obviamente, a “revoada” não foi “um raio em céu de brigadeiro”, pois essa operação de “desidratação” do PT, capitaneada pelo governador Eduardo Campos (PSB), faz parte de uma ofensiva contra o PT em PE, que não vem de hoje, nem vai terminar agora.
De fato, ela foi preparada ao longo dos dois mandatos do governador, pela política de “ampla coalizão” praticada pela direção do PT, decorrente da adaptação do PT às instituições da ditadura militar, remodeladas pela Constituinte de 88, que só uma verdadeira reforma política pode resolver, através de uma Assembleia Constituinte Soberana.
A tradução aqui em PE, dessa política de ampla coalisão levou o PT, pela mão da sua atual direção, a participar, sem uma base programática, tanto do governo de Eduardo Campos, como do governo de Geraldo Júlio.
Um adesismo puro e simples, que se faz acompanhar de uma subserviência jamais vista em toda a história do PT a um governador, numa relação que chegou, em determinados momentos, a beirar à vassalagem.
Foi isso que preparou a atual debandada de parlamentares e prefeitos do PT, essa “revoada para o ninho da pomba”.
Como em quase tudo na vida, também na política, o impulso vem de cima, no caso, da cúpula do partido de “caciques infalíveis”, que segue recusando “largar o osso” (não rompendo com os governos do PSB, no estado e na capital), deixando Eduardo Campos deitar e rolar na cama que ela mesma preparou, ajudando assim ao aprofundamento da ofensiva contra o PT em PE.
Defender o PT em PE começa por varrer, nesse PED, a velha direção para dar lugar a uma nova.
Pois, uma direção que alienou a independência e a autonomia do PT ao governo de Eduardo Campos, que não defende as bandeiras de fundação do PT junto aos movimentos sociais, em fim que não defende o PT, seus dirigentes, seus militantes, não será capaz de, em face de atual ofensiva em curso contra o PT, cujo caminho ela mesma ajudou a pavimentar, ajudar a trazer o PT de volta para os militantes.
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Recado para João Paulo e Humberto