Por Aldo Amaral – Presidente da Força Sindical de Pernambuco As instituições conseguem lentamente atender as demandas da população.
A lentidão sugere que as instituições e a população estejam em estado de letargia.
Contudo, se consideramos as mudanças socioeconômicas ocorridas no Brasil desde 1989, constatamos que a população brasileira adquiriu direitos e bem-estar.
Reconheço que nem todos conquistaram os benefícios trazidos pelas instituições.
Mas, os indicadores socioeconômicos mostram que o Brasil avançou.
As conquistas da população brasileira propiciaram novos anseios e expectativas.
Em razão disto, as instituições precisam estar sistematicamente atentas aos desejos da população.
As manifestações ocorridas em junho sugerem as demandas que estão na agenda da população.
E dentre as várias apresentadas, tenho especial preocupação com a mobilidade urbana.
Como se locomover nas regiões metropolitanas do Brasil?
Esta deve ser a indagação cotidiana dos governadores, prefeitos e da presidente da República.
A locomoção é direito garantida constitucionalmente.
Porém, ela não está sendo afiançada pelas instituições.
Se estivéssemos numa ditadura, a coerção restringiria o direito de locomoção das pessoas.
Mas este não é o caso da sociedade brasileira.
As pessoas estão com dificuldades de se locomover, em particular nas regiões metropolitanas, em razão da relação assimétrica entre desenvolvimento econômico e oferta de infraestrutura que tenha como objetivo a garantia da locomoção das pessoas.
O desenvolvimento econômico atrai pessoas para o local e as redondezas que ele ocorre.
Mais pessoas, mais demandas urbanas.
As demandas urbanas não se restringem apenas a mobilidade.
Outras existem, por exemplo: segurança pública, saúde e qualificação profissional.
Estas três fazem parte tradicionalmente das campanhas eleitorais.
Na eleição municipal de 2012, a mobilidade foi incluída na agenda dos candidatos a prefeito e certamente estará na disputa presidencial do próximo ano.
Fazer parte da agenda dos políticos, os quais têm condições de tomar decisão, já é uma grande conquista do senhor Mobilidade.
Mas não adianta fazer parte da agenda se decisões com vistas à garantiada mobilidade da população não forem realizadas.
O senhor Mobilidade tem o desejo de se locomover com tranquilidade, mas não consegue isto, pois o estado não lhe dá condições.
O senhor mobilidade não é contra o aumento do número de carros nas ruas.
Mas, o senhor Mobilidade defende a maior oferta de transporte público e a sua qualificação.
O senhor Mobilidade não deseja que os investimentos em infraestrutura sejam realizados apenas pelo poder estatal.
Ele defende que parcerias público-privadas tenham condições de ser realizadas, pois através delas, obras de grande porte podem ser feitas.
O senhor Mobilidade tem uma preocupação fundamental: o dia a dia das pessoas, que saem cedo de casa para trabalhar e, mesmo tendo condições de chegar em pouco tempo ao trabalho, ficam presas num amontoado de carros presentes nas vias públicas.
O senhor Mobilidade solicita apenas que os governos garantam o direito das pessoas de ir e vir.