Por Manuela Dantas, especial para o Blog de Jamildo Por vezes, vivi algumas situações de crise em que continuar com o caminho que se desenhava se tornou quase impossível…
Considero difícil identificar o que acaba por gerar esses momentos, talvez os desencontros…
Desencontros de objetivos, desencontros de almas, desencontros de amores, desencontro de sonhos, desencontros consigo mesmo…
Ou talvez ainda os desencantos…
Desencantar-se com um projeto, com um plano, com uma meta é uma daquelas grandes pedras, que as vezes insistem em se manter no meio do nosso caminho, cabe saber o que vamos fazer com essa pedra quando ela se apresentar.
Gostaria de dizer e imaginar que a vida é sempre flores e nunca pranto, mas essas tribulações fazem parte da vida e até nos ajudam a crescer e superar nossos limites, tudo depende do ponto de vista e confesso que sempre prefiro ser otimista.
Aliás, há pouco tive uma conversa profunda com uma amiga que passa por um desses momentos de crise, mas que teve a força e a ousadia de escolher o caminho mais difícil, a porta estreita, a estrada ainda não definida.
Não tive como não lembrar que há 3 anos atrás passei por uma situação de crise extrema, em que literalmente o mundo que eu conhecia caiu.
Tive que aprender a conviver com a incapacidade de andar e descobrir o mundo nessa nova situação.
Lembrei de uma característica, que mais por instinto do que pela prática, elenquei que possuía em uma entrevista de trabalho há 9 anos atrás, a resiliência.
Essa é a capacidade de se recuperar de situações de crise e aprender com ela, é ter a mente flexível e o pensamento otimista, com metas claras e a certeza de que tudo passa.
E tudo passa mesmo…
Quando meus irmãos me falaram que eu ficaria sem andar por tempo indefinido, sofri, chorei, imaginei que minha vida tinha acabado e que viveria quase em prisão domiciliar…
Hoje, trabalho todos os dias como engenheira civil e em breve voltarei ao canteiro de obras, como eu tanto queria, e contribuo, como eu não fazia antes, para o futuro da nossa cidade.
No meio da crise que se apresentou em minha vida, refleti e decidi que tinha que lutar e abro um parênteses para dizer que continuo lutando para minha total recuperação, mas decidi que deveria continuar a viver, deveria continuar a trabalhar, a me divertir, a ter uma vida social.
Confesso que nem sempre é fácil, aliás quase nunca é fácil, mas é sempre bem melhor me sentir viva e contribuindo para o meu país.
Em meio a essa reflexão lembrei de um pensamento de Albert Einstein: " Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.
A criatividade nasce da angustia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”.
Quem atribui a crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções.
A verdadeira crise é a crise da incompetência…
Sem crise não há desafios; sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia.
Sem crise não há mérito. É na crise que aflora o melhor de cada um…".
Não que agora fiquemos em busca de momentos de crise para que testemos nossos limites e nossas capacidades, mas podemos encarar o lado positivo dessas situações e tentar usá-las para nos impulsionar a novos desafios.
Não por acaso, escutei, dessa mesma amiga, que no fundo do poço existe uma mola que nos lança a novas conquistas.
E é isso mesmo, quando nos sentimos no fim da estrada, surge uma força que nos impulsiona a ir mais longe, a querer e conseguir mais.
Por isso, penso que sempre é melhor continuar a lutar por uma vida digna e ser otimista quanto ao futuro, do que se acomodar quanto as situações que causam infelicidade e dor.
Quem sabe assim consigamos superar as adversidades e sorrir quando o dor nos torturar e a saudade atormentar e possamos ver uma luz nos dias, por mais tristonhos que pareçam e permanecer otimista, mesmo que a vida insista em permanecer muito dura?
Enfim, como diria Cora Coralina: " Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir sobre rir ou chorar , ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir.".