Roberto Pereira Nesta segunda, o presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela, Sérgio Guerra, também comentou o julgamento do mensalão, ansiosamente aguardado pelo País com o voto do ministro Celso de Mello, nesta quarta-feira (18), na votação que pode garantir novo julgamento aos condenados no processo.

Para Guerra, se o Supremo não punir os mensaleiros estará interferindo fortemente “na vontade do eleitor na eleição do próximo ano” porque a “esperança, que é o centro da decisão do voto, já caiu muito”.

E como, na sua avaliação, o “problema central” da justiça brasileira é a impunidade, se o STF não punir, “será mais uma decepção para uma população que já está lotada de frustrações”.

MENSALÃO, O JULGAMENTO “Se a tese dos mensaleiros for aceita nenhum deles será punido.

O julgamento ficará para o ano que vem e seguramente e aliviará a vida dos já condenados.

Não é da minha natureza defender a punição de A ou B, mas o fato concreto é que nesse caso do mensalão tem de ter punição.

O problema central da justiça brasileira é a impunidade.

Se mais uma vez o Supremo Tribunal Federal não punir, será mais uma decepção para uma população que já está lotada de frustrações e isso vai interferir na eleição do ano que vem.

Não contra o PT ou os mensaleiros, mas na vontade do eleitor.

Essa eleição precisa ser surpreendente porque a sociedade tem toda razão de estar desacreditada das instituições no geral e da política em particular” NOVAS FORÇAS NA POLÍTICA “O povo que foi às ruas há dois meses foi decepcionado, insatisfeito e irritado.

Se tudo continua do mesmo jeito, se a gente chega na eleição do ano que vem da mesma forma, com a mesma política, com os mesmos candidatos e com a impunidade no caso do mensalão, caso ela se concretize, penso que a Democracia brasileira estará em cheque e as ruas vão reservar resultados imprevisíveis.

Esses que se acham donos do povo vão descobrir que não contam com ele.

Por isso é importante que novas forças se apresentem na campanha e respondam às frustrações que a sociedade acumula e que que eu torço para que o Supremo não as tornem ainda maiores com a falta de punição no caso do mensalão”.

FRUSTRAÇÃO COM A VIDA PÚBLICA “Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes chama a atenção para o fato de que a protelação muda no núcleo o julgamento já feito . É uma manobra da pior qualidade.

Espero que falem mais alto os interesses do País e a verdade e que se tenha uma solução favorável à justiça.

Do contrário, o povo vai compreender, mais uma vez, que político não é punido e o Brasil virou um País do ‘salve-se quem puder’.

Isso nos leva, sinceramente, a pensar dez vezes se vale a pena a vida pública.

Não está valendo. É preciso mudar muito.

E não vejo sinais de que está mudando coisa alguma.

O Congresso vive de aprovar decisões demagógicas.

Há uma grande falsidade nisso.

Os discursos de que algumas medidas são em favor do povo é uma grande mentira.

O fato concreto é que o problema do trânsito está aí, o supefaturamento de obras idem, o desemprego está voltando, a inflação também, há um desgoverno crescente.

Uma coisa tenho convicção: Não sei quem vai ganhar a eleição para a Presidência da República, mas não será a Dilma”.

O OGU É UMA FORMA DE MENSALÃO “Pessoalmente defendo o voto distrital pois só assim o político assume compromissos com o que prometeu e será cobrado por isso.

O PSDB defenderá o voto distrital com muita determinação, porque se não mudar a natureza do voto, se não comprometê-lo com as ideias, vai continuar esse jogo de interesses e palavras que não vale nada.

Mas lamentavelmente não acredito em nenhuma reforma política.

A que está aí é uma tentativa de acomodação que, se não tomarmos cuidado, vai terminar sendo ruim para a Democracia.

Agora, o próximo presidente do Brasil terá que ter como compromisso número um reformar a política do País.

O Lula foi quem mais reuniu condições para fazer isso.

Foi um presidente forte e poderia ter liderado esse processo.

Mas se atrapalhou no governo, em nomeações e aparelhamento da máquina, e perdeu a credibilidade para fazê-la.

O Lula preferiu o mensalão e deu no que deu.

Até o orçamento da forma que está aí, com a liberação de emendas em troca de voto é uma forma de mensalão.”