Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem Garagem foi adaptada para virar restaurante e manter o clima caseiro (Foto: BlogImagem) Logo ao chegar ao Zé Corninho percebe-se algo diferente dos restaurantes tradicionais do Recife: não há qualquer placa que identifique o local.

Ao longo dos mais de 25 anos de existência, o estabelecimento ficou conhecido no boca a boca mesmo.

Ao entrar, uma nova surpresa: a garagem com paredes de tijolo aparente em uma casa localizada em uma rua de paralelepípedo do bairro de Campo Grande, na Zona Norte, foi reformada para receber as onze mesas.

Dentro da garagem, o clima faz jus ao verdadeiro nome do restaurante: Recanto dos amigos.

Cada mesa é uma roda de conversa.

Os atendentes são chamados pelo nome.

A conta chega em um papel escrito à mão com caneta.

A discrição do local somada à descontração e à cozinha caseira atraiu uma clientela formada em grande parte por políticos, que fazem do local um recanto na hora do almoço.

A clientela vip foi se formando quando o restaurante ainda era em Santo Amaro, próximo a duas grandes rádios da cidade.

Políticos eram convidados para entrevistas nos veículos de comunicação e, na saída, acabavam parando para almoçar no Recanto dos amigos, na época comandado por José Ramos de Oliveira.

Depois de anos à frente do bar, o Zé ficou conhecido como “Zé Corninho”, já que, com jeitão nem tão delicado, tinha mania de chamar todos carinhosamente de “corno”.

Ele herdou o restaurante do pai e quando morreu, há cerca de 19 anos, deixou o estabelecimento aos cuidados dos filhos, Carol e Felipe Oliveira.

São eles que atendem aos clientes, enquanto que a mãe deles e viúva de Zé Corninho, Dona Mércia, pilota a cozinha, ao lado da esposa de Felipe e mais dois ajudantes.

Ambiente descontraído é o charme do lugar (Foto: BlogImagem) Carol circula pelas mesas distribuindo simpatia.

Felipe segue a linha do pai, mas não deixa de ser agradável com os presentes.

Toda semana algum político chega por lá.

Quando Jarbas Vasconcelos (PMDB) era governador, aparecia por lá mais nomes ligados a ele, como Mendonça Filho (DEM).

Hoje, os clientes políticos são mais os relacionados ao PSB, principalmente depois que a sede do executivo estadual mudou-se para o Centro de Convenções, pertinho de Campo Grande: os secretários de governo do estado e da Prefeitura do Recife Tadeu Alencar (Casa Civil), Alberto Feitosa (Turismo), Sileno Guedes (Governo), Fred Amâncio (Planejamento) e Nilton Mota (Infraestrutura e Serviços Urbanos).

Prefeitos do interior, como Fred Gadêlha (Goiana), quando têm uma audiência no Centro de Convenções também costumam fazer um pit stop no Zé Corninho.

Entre os petistas costumam aparecer Sérgio Leite e Dilson Peixoto.

Da Assembleia Legislativa (Alepe), frequentam André Campos e Silvio Costa Filho.

Parlamentares de todo lugar do Brasil aparecem por lá, levados para provar a comida regional do Zé Corninho.

O governador Eduardo Campos (PSB) também já almoçou por lá, quando ainda era deputado federal. “Estamos agora numa fase de começar a atender aos filhos dos nossos clientes antigos”, diz Carol, mencionando Jarbas Vasconcelos Filho e Tomás Alencar (filho de Tadeu Alencar). “Todos são simpáticos.

Não têm frescura com a simplicidade.

Quem vem aqui quer este clima caseiro mesmo”, conta.

Ele diz que não coloca placa na entrada do local porque já não consegue dar conta da demanda de clientes (faltam mesas) sem a identificação, imagina com.

Cardápio tem caldinho de feijão, cozido, camarão ao coco e a sobremesa mais pedida, o creme Flutuante (Fotos: BlogImagem) A falta de luxo do local não significa improviso.

Dizem que a sobremesa principal do cardápio, a Creme Flutuante (caramelo com creme e suspiro), foi copiada por um buffet famoso e sofisticado do Recife.

Na entradinha, o mais pedido é o caldinho de feijão mulatinho.

No prato principal, a especialidade da casa é o Bacalhau Gratinado, que encantou até o cantor Roberto Carlos.

Produtores da cidade que conhecem o restaurante levaram uma “quentinha” para o rei e, meses depois, quando ele voltou à cidade, o próprio pediu de novo o Bacalhau do Zé Corninho.

Bacalhau é a especialidade da casa (Foto: Guga Matos/JC Imagem) O carro-chefe é o “prato do dia” das sextas-feira, acompanhado de arroz e feijão de coco.

Para dar conta da demanda, os pratos mais pedidos tiveram que ser separados por dia da semana.

Na quinta, tem o cozido, quarta é a cabidela.

O cardápio ainda tem Carneiro Guisado (segunda) e Lombo Paulista (terça).

Quer conhecer?

Rua Bianor de Oliveira, 95, Campo Grande, de segunda a sábado, das 11h30 às 15h.