Por Roberto Numeriano, autor dos livros “O que é Guerra” e “O que é Golpe de Estado”, cientista político, jornalista e militante do PSOL-PE A lógica da política de poder dos Estados Unidos é a da guerra para gastar armas e fazer girar o engenho da indústria bélica.

Antes, quando esse engenho lotava os hangares dos aviões cargueiros com milhares de corpos de norte-americanos (lembrar, aqui, do Vietnã), a opinião pública era reticente diante dessas guerras do imperialismo financeiro do velho Tio Sam.

Mas agora, quando apenas uns poucos de seus compatriotas são atingidos nessas guerras onde mais de 90% dos mortos e feridos está do lado “inimigo”, fazer a guerra ficou menos traumático, em termos de relações públicas.

Essa sede de sangue do nobel da paz Obama (se não mais, tão sanguinário quanto Bush pai e Bush filho), que faz uma campanha junto aos aliados de sempre para apoiá-lo na invasão à Síria, só se explica pela lógica dos interesses geopolíticos por gás e para isolar o Irã.

Para os Estados Unidos, os crimes dos ditadores de países aliados são problemas da política interna de cada país (a Arábia Saudita está aí como o maior exemplo).

Nenhum desses países da região é, para mim, um modelo mínimo de democracia formal, mas nem por isso é legítima e legal a invasão que se desenha, a qual deverá ter consequências imprevisíveis para a geopolítica do oriente médio.

Como poder bélico e irracionalidade política só podem ser bloqueados por outro poder bélico, acredito que o progressivo avanço da geopolítica da guerra dos Estados Unidos vai, nos próximos anos, necessariamente, envolver num conflito, como inimigo, a Rússia e/ou a China.

Bem comparando, o avanço nazista só parou diante do Exército Vermelho.

E não vejo muitas diferenças entre a política bélica dos Estados Unidos, em relação ao oriente médio, e a política expansionista do Terceiro Reich sobre a Europa.

No caso da Síria, parece muito provável que a Rússia reaja.

No tempo de Hitler, durante seu avanço inexorável sobre a Europa, houve quem apoiasse sua agenda bélica quando o país podia ser “rifado” no tabuleiro do poder.

A Síria pode hoje ser “rifada”?

Quem vai responder é um homem chamado Vladimir Putin.