Por Noélia Brito O governador do Ceará, Cid Gomes, que é do PSB, partido presidido com mãos de ferro pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tem se notabilizado por ser protagonista de situações e decisões das mais polêmicas, pois assume ele mesmo, as decisões antidemocráticas e antipopulares que, em geral, abalam a credibilidade, não apenas de seu governo, como a dele próprio.

Foi assim com a contratação de buffet milionário, compra de helicópteros, disponibilização de inúmeros policiais para fazerem a segurança pessoal de seu afilhado político, o prefeito da capital, Roberto Claudio e por aí vai.

Já o dono do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que montou uma força-tarefa nos Estados para enquadrar e expulsar as dissidências partidárias que forem contrárias a sua candidatura à sucessão da presidenta Dilma Rousseff, à exemplo do que ocorreu em Minas gerais, onde tomou o presidência do Partido do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, para entregá-la ao aecista, Julio Delgado, é bem mais esperto, adotando a tática de sempre preservar a própria imagem, nunca assume, ele mesmo, os próprios atos.

Para cada uma de suas atitudes arbitrárias ou infames, escolhe um bode expiatório que suporte a exposição e possível desmoralização.

Foi assim com os dois ex-secretários Luciana Azevedo, Silvio Costa Filho e agora, mais recentemente, com Anderson Costa, no caso dos contratos do Estado de Pernambuco com a IDEIA digital.

Mas a fábrica de bodes expiatórios de Eduardo Campos não pode parar a produção, pois o ritmo tem que acompanhar a demanda do consumidor, que é o próprio Eduardo.

A bola da vez é o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio.

Esse e seus assessores, já podem, inclusive, começar a arrumar as gavetas, pois o delegado Damázio deve ser o próximo a ser rifado, para assumir toda a responsabilidade pelo regime de exceção que tem se instalado em Pernambuco, por determinação do próprio governador, mas que jamais assumirá ser o mandante de tal situação, pois finge, para a opinião pública, ser o oposto disso.

A prova de que Pernambuco se tornou um Estado em estado de exceção é que todos os assuntos de estado, com perdão dos trocadilhos, têm sido tratados por um único secretário, o secretário de Defesa Social.

Ou seja, em Pernambuco hoje, tudo é caso e assunto de Polícia e é assim que deve ser tratado por decisão do governador.

Tomemos como exemplo, o caso da morte da turista atacada por um tubarão.

Quem Eduardo Campos destacou para falar sobre o assunto?

O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, mesmo sendo certo que a questão envolvia não apenas problemas no atraso de pagamentos do barco Sinuelo, que por si só não garantiria que o ataque fosse evitado, mas de colapso no próprio atendimento da vítima, em unidades pronto atendimento e hospitais da secretaria de Saúde do governo do Estado e mais, toda a questão ambiental, que está na raiz do problema que desencadeou esses ataques.

A partir daí, o cenário só se tornou, a cada dia, mais propício para que o estado policialesco, tão ao gosto do governador, fosse aprofundado, ainda mais quando está nos planos de Eduardo Campos lançar-se na aventura de uma campanha presidencial, onde todos os holofotes da mídia nacional estarão sobre ele, holofotes que, diga-se de passagem, fogem ao seu controle.

Ora, se não é possível controlar os holofotes, então qual a solução encontrada por Eduardo Campos?

Controlar tudo e todos que possam ser alcançados por esses holofotes.

E quem melhor do que a polícia para fazer isso?

E se tudo der errado, como parece ser o caso, pois numa democracia não se pode governar colocando a polícia no encalço dos cidadãos, ainda há os bodes expiatórios para mandar para o sacrifício em seu lugar.

Não é de hoje que a polícia tem se mostrado despreparada para lidar com as manifestações de rua.

A Polícia Militar guarda ranços indisfarçáveis da ditadura civil-militar.

A conveniente má interpretação da Lei da Anistia, ao fechar os olhos para os crimes da Ditadura dá o mote para as ações truculentas e impunes de muito indivíduos da PM que acreditam ser esse o papel da instituição.

Vemos essa mentalidade não apenas em soldados, mas até em altas patentes e instrutores de academias militares que são os responsáveis pela formação da própria PM.

E quem é o chefe de todos no Estado de Pernambuco?

O governador Eduardo Campos.

Abaixo dele, o secretário Wilson Damázio, que comanda as duas polícias.

Vídeos na internet têm revelado como foi a ação da PM no dia da manifestação que descambou nos atos de depredação que atingiram um cinema, um bicicletário, um ônibus, que chegou a ser incendiado e o prédio da Câmara de Vereadores. É claro que essas ações e depredações foram também filmadas pelas câmeras da Secretaria de Defesa Social. É óbvio, também, que a essa altura, tanto os policiais que atiraram e feriram manifestantes com sua ação desproporcional e despreparada, quanto os que depredaram o patrimônio público e privado já foram identificados, pois sabemos que o Estado está gastando milhões de nosso dinheiro, com as tais câmeras de monitoramento e se nas imagens que circulam pelas Redes Sociais é possível ver as características físicas dos que fizeram as ações, muito mais será possível, ao serviço de inteligência de Eduardo Campos, com seus equipamentos milionários, fazê-lo.

O que esperamos é que os bodes expiatórios de Eduardo não queiram, para salvar suas cabeças da degola próxima, buscar outros bodes expiatórios para agradar ao chefe e a certa opinião pública fascista, criminalizando manifestantes e grupos escolhidos a dedo, pois assim como o secretário Damázio, interpretando a Constituição a seu bel prazer, proibiu o uso de máscaras nos protestos, o povo também não admite mais autoridades mascaradas e se encarregará de tirar a limpo toda e qualquer farsa que vier a ser montada.

Noelia Brito é advogada e procuradora do Município do Recife