Foto: Angélica Souza/JC Trânsito Por Jorge Cavalcanti Na coluna JC nas Ruas do Jornal do commercio desta quinta-feira (22).

O Centro do Recife assistiu, ontem, ao protesto mais violento que se tem notícia.

Nenhuma das dezenas de manifestações já realizadas contra aumento da tarifa de ônibus chegou a este nível.

Jovens mascarados, munidos com escudos de madeira e porretes de pau.

Coletivos incendiados, paradas e vidraças quebradas, estações de bicicletas destruídas e a população em pânico.

Os que foram às ruas pedir melhorias no transporte público deixaram para trás um rastro de vandalismo.

Há quem defenda a depredação “consciente” como meio para se chegar ao objetivo.

Sou contra.

Abre-se a porta para excessos de todos os tipos.

Também não simpatizo com a ideia de reclamar com a face encoberta.

Quem vai à rua protestar de forma organizada e ordeira não tem motivos para se esconder.

Já escrevi aqui sobre repensar a forma quase monotemática de protestar bloqueando avenidas. É preciso ser criativo, constranger, conquistar a adesão da população para se chegar aonde se quer.

Os manifestantes que mostraram tanta disposição ontem poderiam optar por outro caminho.

Eles desejam a instalação do passe livre e mais transparência no setor de transporte público.

Poderiam, então, ocupar a calçada em frente à casa do presidente da Câmara ou do prefeito da cidade, por exemplo.

Mas preferiram deixar a população com alguns ônibus a menos hoje.

O empresariado é quem agradece.

Ganha, de mão beijada, argumentos em favor do aumento da passagem.

Entre o mar e o rochedo, quem sofre é o marisco.