A não violência é mais forte que todos os Black Blocs juntos Por Daniel Coelho, especial para o Blog de Jamildo Estou vibrando com momento político que vive o país.
A sociedade reclamando seus direitos, pedindo serviços públicos de mais qualidade, menos corrupção e mais transparência.
Todos esperamos que isso nos leve a reais mudanças em nosso país.
Contudo, uma pequena minoria tem tentado estragar esse momento tão marcante em nossa democracia.
Lutas legítimas como a dos estudantes que querem transporte de mais qualidade e com preços justos têm todo o nosso apoio.
Porém, alguns vândalos mascarados, sem compromisso com a causa, estragam qualquer possibilidade de avançarmos e mudarmos o perverso sistema de transporte que hoje temos em nosso país.
Uma bandeira que deveria ser abraçada por todos está perdendo o apoio da sociedade que repudia a destruição de patrimônio público e a violência.
Esses atos, como os que vimos ontem no Recife, onde a violência abafa o debate de ideias, só beneficia os exploradores do povo que tem historicamente construído um sistema de transporte que evidentemente está falido.
Se os donos do poder nada querem mudar, com atos como os de ontem, eles ganham espaço, pois na força pela força eles sempre venceram.
Nem mesmo, possíveis abusos da polícia, justificam a queima de ônibus ou destruição de prédios públicos.
Os abusos da polícia devem ser denunciados e punidos.
Porém, com os atos vistos ontem, até possíveis erros do policiamento ganham apoio de alguns setores da sociedade.
A história nos ensina que a não violência é a forma mais eficaz de combater as forças opressoras.
Foi assim com Gandhi, que derrotou o Império Britânico sem reagir aos atos violência das forças policiais.
Também aconteceu dessa forma com Martin Luther King, nos Estados Unidos, na luta pela igualdade racial, ou com Nelson Mandela, que acabou com o apartheid de dentro da prisão.
Ao contrário, os movimentos que reagiram com violência aos abusos do sistema repressor, como o IRA, no Reino Unido, ou os Black Panthers, na Europa, África e Estados Unidos, fracassaram completamente.
Medo teriam os donos do poder, de um movimento que não reagisse à violência com mais violência.
Tenho receio que essa estratégia equivocada possa atrapalhar conquistas importantes para os que mais precisam.
Por fim, quero discordar completamente daqueles que cobram transparência se escondendo atrás de máscaras.
Estamos buscando uma sociedade que não esconda os custos do transporte, que divulgue os posicionamentos dos políticos, que dê publicidade aos gastos públicos.
Nessa sociedade, não há espaço para quem quer se esconder.
Quem precisa usar máscara é covarde ou bandido.
Sempre participei de lutas políticas mostrando o rosto e as ideias que acredito, como faço, inclusive, ao escrever este artigo.
Força tem aqueles que não se intimidam e, mostrando a cara, defendem suas ideias.
Deixo o apelo para que quem de verdade tiver compromisso com mudanças reais, analise a história dos movimentos sociais.
Deixe o impulso de lado, para colocar em primeiro lugar o objetivo final: mudar este país.
E assim, seguindo os exemplos históricos já aqui citados, construam um movimento com inteligência, que agregue apoios e conquiste vitórias.