No site do Instituto Teotônio Vilela O dólar está subindo a ladeira e se transformou na mais nova dor de cabeça de uma economia já atolada em problemas.
Em quase todos os aspectos, a alta da moeda norte-americana é negativa para o Brasil.
E numa coisa ela é especialmente nefasta: a disparada vai doer no bolso dos brasileiros.
A alta do dólar é um fenômeno global, causada pelas mudanças recentes na política econômica dos Estados Unidos.
Mas está sendo particularmente perversa com o Brasil.
O dólar está subindo a ladeira e se transformou na mais nova dor de cabeça de uma economia já atolada em problemas.
Em quase todos os aspectos, a alta da moeda norte-americana é negativa para o Brasil.
E numa coisa ela é especialmente nefasta: a disparada vai doer no bolso dos brasileiros.
Na sexta-feira, o dólar atingiu a mais alta cotação desde março de 2009.
Em apenas uma semana, a valorização foi de 5,28%.
No ano, a escalada chega a 16,2%.
Não há como um aumento desta magnitude não afetar severamente os preços dos produtos e, consequentemente, a nossa inflação.
Estima-se que cada 10% de valorização do dólar resulte em mais 0,5 ponto percentual nos índices anuais de preços.
Há quem preveja que a cotação chegue a R$ 2,70 até o fim deste ano, o que representaria alta de 13% sobre o valor que a moeda atingiu na semana passada (R$ 2,39).
A alta do dólar é um fenômeno global, causada pelas mudanças recentes na política econômica dos Estados Unidos.
Mas está sendo particularmente perversa com o Brasil.
O real é a segunda moeda que mais perdeu valor no mundo neste ano – apenas o rand sul-africano cai mais.
Isso sugere que nossas condições podem estar piores que as de outras economias.
Há um mix de razões para explicar a queda do real.
O Brasil consome demais, não consegue produzir o suficiente e é forçado a importar.
Por isso, tem uma balança comercial desequilibrada – que pode fechar no vermelho depois de 13 anos no terreno positivo – e também um déficit externo muito alto, que se aproxima perigosamente de 4% do PIB – estima-se que chegue a US$ 77 bilhões neste ano e se repita em 2014, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central.
Nossos produtos ficaram caros demais e perderam capacidade de concorrer no mercado.
Nossa perspectiva de crescimento é medíocre, na melhor das hipóteses, e desastrosa, na pior.
Nossa inflação está entre as mais altas das economias minimamente organizadas.
Tudo isso ajuda a entender por que o nosso real está furado. “O câmbio tem a ver com o que acontece no Brasil, não só com o cenário externo.
Existe um certo desânimo com a economia brasileira.
Há uma noção de que o Brasil não está indo bem.
Quando o governo faz truques nas contas fiscais, cria-se desconfiança sobre a seriedade do Brasil com as metas fiscais”, sintetiza o economista José Alexandre Scheinkman n’O Globo.
O mais doloroso é que a alta do dólar vai prejudicar o bem-estar dos brasileiros, piorar sua condição de vida, dificultar a sobrevivência.
Grosso modo, com a queda verificada pela nossa moeda neste ano, estamos – todos nós: cidadãos, empresas, governos – 16% mais pobres.
O governo petista já admite que o dólar alto veio para ficar – na sexta-feira, Guido Mantega afirmou que a moeda subiu para um “novo patamar” e ajudou a cotação a subir um pouquinho mais.
O pior é que, dado o estado geral da economia, não há muito que fazer para estancar a sangria.
A escalada do dólar chega num momento em que a inflação já está muito alta, lambendo o teto da meta.
Se a presidente da República acha que os preços estão “completamente sob controle”, como afirmou precipitadamente há duas semanas, logo verá que o buraco é mais embaixo.
E nós é quem vamos pagar o pato…
A gestão petista vai provar, da pior maneira, do remédio amargo da imprevidência.
Um choque nos preços decorrente da alta do dólar poderia estar sendo amortecido pelo regime de metas, com o auxílio da política monetária.
Mas não há mais muita margem para subir ainda mais os juros sem nocautear de vez o crescimento da nossa economia.
Este beco não tem saída.
O Instituto Teotônio Vilela é um órgão de estudos e formação política do PSDB e o presidente nacional é o deputado federal Sérgio Guerra