Da Agência Estado O Senado gastou quase R$ 2 milhões com a compra de 1,4 milhão de selos - considerando o valor de R$ 1,20 para uma carta comum - em um ano e quatro meses, mas não sabe o que foi feito com o material.

Uma auditoria, aberta em junho, apura as despesas dos senadores e da área administrativa com a chamada cota postal.

Funcionários já foram afastados e a distribuição de mais selos, proibida.

O gasto em selos seria suficiente para distribuir uma correspondência para cada morador de Goiânia, com 1,3 milhão de habitantes; ou 18 mil selos por senador.

O que intriga os responsáveis pela auditoria é que não há previsão nas normas da Casa para a compra de selos.

As correspondências dos senadores e da Casa são seladas por meio de uma máquina franqueadora, equipamento utilizado para imprimir o valor da postagem na correspondência, como um carimbo.

Em outras palavras, não há a necessidade de selos em papel.

Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S.

Paulo, parte dos selos foi entregue a alguns senadores, que os requisitaram oficialmente, mas não há registro sobre o paradeiro da maior parte do material.

O líder do PTB, Gim Argello (DF), é um dos parlamentares que pediram selos, conforme um dos envolvidos nas investigações.

A família dele é dona de agência franqueada dos Correios em Brasília. “Não me lembro, não.

Foram quantos?

Normalmente, mando carta quando tem aniversário de eleitor, mas não estou lembrado de ter pedido”, afirmou o senador.

De uma só vez, em dezembro passado, o Senado comprou R$ 360 mil em selos.

Moeda corrente O selo é considerado moeda corrente. É fácil vender para qualquer empresa que faça uso dos serviços dos Correios.

Cada selo tem um valor, a depender do peso da correspondência.

O preço de envio de uma carta comercial varia de R$ 1,20 a R$ 6 40.

O ato que proíbe a compra de selos foi editado em julho pelo primeiro-secretário do Senado, Flexa Ribeiro (PSDB-PA), depois de aberta a investigação.

Os senadores não têm limite para gastos com o envio de correspondências.

A norma do Senado, de 1991, diz que cada parlamentar pode enviar duas para cada mil habitantes de seu Estado, mas não diz qual o volume, o preço ou o peso máximo.

O que significa dizer que não faz diferença enviar uma carta ou um contêiner.

O Senado estuda a definição de um limite em reais para o envio de correspondências.

Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa da Casa não informou os nomes e o número de funcionários afastados.