Por Joaquim Falcão e Diego Werenck na Folha de São Paulo A sessão de ontem no STF terminou em conflito, quando os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski discutiam os embargos do Bispo Rodrigues.

Divergência não é novidade num espaço de debate de teses jurídicas e interpretação da Constituição.

O STF vive de embates.

Conflitos como o de ontem desdobram-se em múltiplas arenas.

O STF é também uma arena política e psicológica.

Quando se tornam decisões judiciais, argumentos jurídicos geram consequências econômicas e sociais.

Conflitam-se no STF visões de como participar na vida do país.

E o tribunal também é um espaço de conflitos psicológicos.

Ontem estas múltiplas arenas ficaram visíveis ao vivo.

Essas arenas não são estanques e seria um erro explicar os embates no STF com apenas um dentre estes conjuntos de lentes.

Para entender o que está se passando, temos de vincular doutrinas jurídicas, consequências políticas e embates psicológicos.

A discussão jurídica fundamental diz respeito às tentativas dos advogados de usar embargos de declaração para rever o que foi decidido.

Levantar contradições e omissões é uma coisa; rediscutir seis meses de julgamento, debates e votações é outra.

Politicamente as decisões podem influenciar as eleições e a vida política dos réus.

O STF não precisa ter motivação política, ao decidir, para que suas decisões tenham efeitos políticos. É consequência do poder que exerce.

Por fim, há o nível do embate psicológico, que muitas vezes permanece apenas latente.

Ocorreu agora entre temperamentos explosivos e temperamentos provocativos.

Ontem, o Supremo não ganhou em nenhuma dessas arenas.

E, quando o STF perde, o Brasil também perde.

PS: são professores da FGV Direito Rio