Foto: Clemilson Campos/JC Imagem Por Débora Duque Do JC Online Em passagem pelo Recife para participar do fórum sobre desenvolvimento regional, promovido pela editora Abril, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), sugeriu a existência de “conotação política” na investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre os contratos firmados por sua gestão na Prefeitura de João Pessoa, em 2009, com a empresa Ideia Digital, também contratada pelo governo de Pernambuco.

A apuração identificou superfaturamento de R$ 1,6 milhão e desvio de recursos para custear a campanha de Coutinho ao Executivo estadual, em 2010.

As denúncias terminaram respingando em Pernambuco após os órgãos federais terem recomendado ao Ministério Público que abrisse uma investigação para apurar os quatro contratos assinados com a empresa durante a gestão do governador Eduardo Campos (PSB).

Pelo menos dois desses contratos tomaram como referência a ata de registro de preços da Prefeitura de João Pessoa, na qual foi verificada superfaturamento. “Eu não fui citado na investigação e meu nome saiu no Jornal Nacional (da Rede Globo) por dois dias seguidos.

Não acho que a ‘espetacularização’ da notícia possa contribuir com alguma coisa.

Quando colocaram o meu nome tinha um fundo bastante político”, defendeu-se Ricardo Coutinho.

Apesar de a investigação federal apontar o contrário, Coutinho também rechaçou a existência de superfaturamento. “Numa concorrência, vence quem tem o menor preço do lote, você não analisa cada um dos componentes.

E o lote está abaixo do valor de mercado.

Isso é indiscutível.

Há denúncia de sobrepreço apenas sobre alguns itens”, rebateu o socialista.

O relatório da PF e da CGU identificou valores com sobrepreços em, pelo menos, 24 dos 75 itens dos contrato.

As secretarias de Educação e de Ciência e Tecnologia do governo de Pernambuco chegaram a adquirir sete desses itens segundo a ata de registro de preço pelo mesmo custo, o que totalizaria um prejuízo de R$ 1,4 milhão.

Depois de ter negado irregularidades, Ricardo Coutinho disse que nada ter haver com a contratação da empresa em João Pessoa, embora ocupasse o cargo de prefeito à época. “Não sou ordenador de despesa.

O secretário da pasta é que é o ordenador.

Mais uma vez, não tenho nada a ver com isso”, enfatizou.

Demonstrando incômodo com o tema, a assessoria do governador paraibano encerrou a entrevista antes da conclusão.