A promotora de Justiça Luciana de Braga Costa, da 32ª promotoria cível do Recife, deu parecer favorável ao pedido de retificação do registro civil de óbito do estudante Odijas Carvalho.
Nas alegações, encaminhadas à 12ª Vara de Família, ela ressalta: “a agonia de Odijas se deu no cárcere, mas as provas de sua ocorrência estão hoje postas sob as nossas vistas: em campo aberto, à luz clara do dia, após minuciosa apreciação em instâncias diversas”.
O próximo passo é aguardar a decisão da Justiça.
A solicitação foi encaminhada à Justiça em julho deste ano pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, que representam a economista Maria Yvone Loureiro Ribeiro (que foi casada com o estudante Odijas).
O objetivo do pedido é adequar o documento à verdade real, tendo como causa da morte “homicídio provocado por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura”.
Odijas morreu no dia 8 de fevereiro de 1971, nas dependências do Hospital da PMPE, no Recife.
O atestado indicou embolia pulmonar, ou seja, morte natural, assinado pelo médico Ednaldo Paes Vasconcelos.
O caso dele é um dos 51 que compõem a lista preliminar de mortos e desaparecidos políticos pernambucanos e que são alvo de análise da Comissão.
Natural de Alagoas, ele foi líder estudantil de Agronomia da Universidade Rural de Pernambuco.
Foi preso na Praia de Maria Farinha, em Paulista, em 30 de janeiro de 1971, juntamente com Lylia Guedes.
O assassinato foi denunciado a partir de testemunhos em depoimentos prestados na Auditoria de Guerra da 7ª Região Militar, inclusive o da viúva, Maria Ivone de Souza Loureiro.
O ex-preso político Mário Miranda, uma das testemunhas oculares do assassinato, denunciou as torturas, na sede do DOPS-Recife, que culminaram com a morte de Odijas.
Ele foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro, na capital, sob o nome de Osias de Carvalho Souza, e não Odijas, o que dificultou a localização do corpo.