Por Bruna Serra e Débora Duque Do Jornal do Commercio desta terça-feira (13) A aquisição de itens da merenda escolar por valores acima dos que são praticados no mercado, conforme mostrou a primeira matéria desta série, publicada no domingo, neste JC, não foi a única irregularidade que a Prefeitura de Caruaru teria praticado na compra de alimentos.
A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou sobrepreço de 41,16% na obtenção de produtos alimentícios fornecidos aos participantes do Programa de Erradicação do Trabalho Infanti (Peti), financiado com recursos do Ministério de Desenvolvimento Social.
Num intervalo de apenas dois meses, a prefeitura chegou a adquirir os mesmos itens por meio de dois contratos com uma única empresa (cujo nome não foi mencionado no relatório), mas com valores diferentes.
A disparidade entre os preços contratados no pregão 07/2010, do dia 19 de fevereiro daquele ano, e no 40/2010, homologado no dia 28 de abril, trouxe um prejuízo de R$ 11.392,72 aos cofres públicos, segundo a CGU.
Para se ter uma ideia, a prefeitura comprou, em fevereiro, oito quilos de bolacha tipo “cream cracker” por R$ 22,45.
Em abril, o valor de compra dessa mesma unidade subiu mais de R$ 11 e foi para R$ 33,52.
O aumento se repete no caso do arroz (30 quilos), inicialmente, adquirido por $ 44,95 e, no segundo contrato, pela cifra de R$ 64,40, uma altade R$ 20 em apenas 60 dias.
Também chama atenção, segundo a CGU, a disparidade de preços do suco de caju.
Em fevereiro, o produto foifornecido a $ 12,50 e, dois meses depois, a R$ 21,96, um valor 75% maior do que o anterior. À CGU, a prefeitura procurou justificar o sobrepreço do segundo contrato, afirmando que os quantitativos dos itens adquiridos foram menores do que o primeiro e, por isso, os preços unitários teria sido superiores.
Também alegou a questão da “safra e entressafra” dos produtos, que também influenciaria nos custos.
A CGU, no entanto, não acatou as justificativas.
Segundo o órgão, a prefeitura não deveria ter realizado a compra dos alimentos em processos licitatórios separados.
Bolsa Família Recursos federais destinados ao aperfeiçoamento da gestão do programa Bolsa Família, competência do município, foram desviados de sua finalidade original, segundo a CGU.
As verbas liberadas pelo Ministério do Desenvolvimento Socialforam utilizadas para pagamentos de funcionários ligados a outros programas e até aplicadas na compra de móveis e reformas de imóveis, sem nenhuma relação com o Bolsa família.
De acordo com a análise feita pela CGU, o total gasto com esse tipo de despesa foi de R$ 109,1 mil.
O relatório cita, por exemplo, que R$ 28 milforam gastos, por exemplo, na contratação de vigilantes e ajudantes de limpeza, mas não há evidência da existência de contratos nesses casos.
Procurada pelo JC, a secretária de Política Social de Caruaru, Marta Siqueira, informou que todo o valor já foi devolvido ao ministério. “O gestor tem todo o respaldo para aplicar esses recursos em tudo que venha a melhorar a gestão do Bolsa Família.
Mas, para evitar complicações, devolvemos todo o dinheiro”, disse.
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