Por Eliane Cantanhêde Foi um alívio Dilma sancionar sem vetos a lei que ampara a mulher estuprada e pode evitar que a vítima seja vítima para sempre, gerando um feto e criando um filho do estuprador.
Só nos faltava o governo desistir também disso, depois que a presidente voltou atrás da constituinte exclusiva para a reforma política e os recuos viraram rotina em Brasília.
O plebiscito é o “Fome Zero” da Dilma: natimorto, só continua existindo no blá-blá-blá oficial.
O aumento de dois anos na formação de médicos foi enterrado por Mercadante e Padilha.
A redução de um dia de trabalho por semana para enfrentar o corte no Orçamento foi desautorizada pela Defesa, e a Marinha fez meia-volta, volver.
Mais: a portaria baixando a idade mínima das cirurgias e do tratamento para mudança de sexo só resistiu algumas horas depois de publicada no “Diário Oficial”.
O Planalto mandou a Saúde passar a borracha.
Por fim, o representante do Brasil no FMI votou contra a ajuda à Grécia sem consultar ninguém e Guido Mantega ligou para Christine Lagarde dando o dito pelo não dito.
Tem alguma coisa errada.
Dilma anuncia uma constituinte sem negociar com o Congresso?
E insiste num plebiscito que nem juristas aceitam?
Como o governo impõe mudanças no curso de medicina e na profissão sem acertar antes com os “adversários”?
A Marinha não conversa com a Defesa?
A Saúde ignora o Planalto?
Representantes decidem sozinhos?
Se ninguém negocia com ninguém, se subordinados não ouvem os chefes, se cada um faz o que quer, está faltando… comando.
O que significa que há uma crise de gestão.
Somem-se a isso os desacertos na política (o Congresso vem quente, mas o governo não está fervendo) e as más notícias na economia (a última é que a balança comercial é a pior em 20 anos).
Tem-se que a presidente da República precisa parar de achar e de dizer que está tudo uma maravilha.
Se está, não parece.