Foto: JC Imagem Por Bruna Serra e Débora Duque Do JC Online À frente das secretarias de Educação e de Ciência e Tecnologia na época em que foram firmados os contratos com a empresa Ideia Digital, Anderson Gomes negou a existência de irregularidades no caso.

Há 15 dias, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgaram um relatório apontando fraude e superfaturamento nas contratações realizadas em 2009 pela Prefeitura de João Pessoa, comandada na época pelo atual governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).

As denúncias terminaram respingando em Pernambuco, porque o Executivo estadual optou por tomar como referência os preços estipulados nos contratos da capital vizinha que, segundo os órgãos federais, estavam com valores majorados.

Ao ser procurado pelo JC, o ex-secretário Anderson Gomes procurou tratar o assunto com tranquilidade.

Alegou que, neste momento, tem pouca informação a acrescentar, mas afirmou que está levantando os dados sobre os contratos junto aos atuais titulares das pastas de Educação e de Ciência e Tecnologia, Ricardo Dantas e Marcelino Granja, respectivamente, para apresentar defesa no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Desde o primeiro semestre de 2012, quando surgiram as primeiras denúncias sobre o caso de João Pessoa, o órgão abriu duas auditorias especiais para apurar os contratos firmados pelo governo de Pernambuco com a Ideia Digital. “Estamos preparando o material para encaminhar nossa defesa ao TCE, expondo nossas justificativas.

Temos explicações e vamos apresenta-Las.

Isso faz parte.

Os órgãos de controle estão fazendo a parte dele e nós vamos mostrar nossa versão.

O governo vai responder o que for preciso.

Agora, não tem muito o que dizer”, afirmou Gomes.

De acordo com ele, a decisão de aderir à ata de registro de preço elaborada pela prefeitura de João Pessoa foi tomada para acelerar o processo de contratação e a execução do serviço. “Essa prática do carona é feita em outras áreas do governo.

Não há problema nisso quando é feito com o devido cuidado, obviamente.

Com isso, é possível ganhar tempo”, justifica.

Nos contratos assinados em João Pessoa, foram identificados um superfaturamento no valor de R$ 1,6 milhão, além de um esquema para utilizar os recursos majorados para custear a campanha do atual governador Ricardo Coutinho, em 2010.

Alguns dos itens presentes na ata de João Pessoa foram considerados superfaturados pela CGU e também foram adquiridos pelo governo de Pernambuco pelo mesmo valor.

Com base na análise da CGU, é possível verificar um sobrepreço de, pelo menos, R$ 1,4 milhão, conforme foi mostrado em matérias publicadas pelo JC ao longo desta semana.

O período coincidiu com a saída de Anderson Gomes da assessoria especial do governador, cargo que ocupava desde o início do ano, quando deixou a secretaria de Educação.

Sua exoneração foi publicada na última segunda-feira (29) no Diário Oficial.

Ele argumenta, porém, que seu desligamento não está relacionado ao surgimento das denúncias. “Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Já tinha resolvido voltar para a universidade havia algum tempo e, na semana passada, finalmente o governador me liberou”, explica.

Anderson Gomes é professor vinculado ao departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco.

Ele diz não ser filiado a nenhum partido político.

Recebeu o convite para assumir a pasta da Ciência e Tecnologia em abril de 2010.

Ficou na secretaria até dezembro daquele ano e, logo em seguida, foi remanejado para Educação, onde permaneceu até janeiro.

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Em Pernambuco, Ideia Digital foi contratada por licitação de João Pessoa Nota da secretaria Estadual de Educação esclarece contratos com Ideia Digital PF constata ´conluio` e difusão de um único modelo de concorrência em caso da Ideia Digital Superfaturamento também em itens adquiridos pela Ciência e Tecnologia à Ideia Digital