Guga Matos/JC Imagem Por José Carlos P Azevêdo Uma grande celeuma está instalada na cidade do Recife, no Brasil e no resto do mundo após a morte da jovem atacada por um tubarão na praia de Boa Viagem, recentemente. É interessante notar que o tratamento desse assunto tem um primado fundamental: A HIPOCRISIA, assim, com letras maiúsculas, para deixar bem claro o quanto é infame essa discussão.
O “homo pernambucanus recifensis“ avançou no lugar dos tubarões, destruiu o seu habitat natural, destruiu os mangues, destruiu os corais inventando de passear com seus filhinhos miúdos em cima dos arrecifes.
Meu pai, me levava, juntamente com os pais dos meus amigos, para vermos os peixinhos nos arrecifes de Boa Viagem e nadar nas piscininhas, isso no começo dos anos 50, e até a minha adolescência.
Depois, eu fazia isso sozinho com a namorada sob as vistas da mãe dela.
Eu fiz isso com meus filhos e os meus filhos fazem hoje com os meus netos.
Por outro lado, o “homo pernambucanus recifensis“ também inventou de construir a porcaria do porto industrial de Suape, afinal, pra que gerar tanto emprego?
Deixa esse povo se arrombar!
Construir Suape prejudicou a vida dos nossos tubas cabeça chatas, lixas e martelos que agora sim, exigem seu lugar de volta e o “homo pernambucanus recifensis“ que se dane!
Para que preservar essa espécie?
Os tubarões são muito mais úteis, com a vantagem de não fazerem passeatas de protesto e nem serem organizados em partidos políticos.
Mas, são viu!
Olhem a cena que vocês vão identificar outra raça de tubarões que estão do lado de cá dos arrecifes: a maioria são do tipo branco, com cara de lixa, cabeça chata e de martelo na mão.
Alguns até falam outras línguas e dirigem carros.
Para esses nós já perdemos a batalha…
Nosso problema agora é com os das praias de Boa Viagem e Piedade.
Um amigo meu, acabado de chegar da Suíça, via Paris, ouviu nos dois lugares antes de viajar: “Não entre na água das praias no Recife para não ser comido pelos tubarões.
Tenha muito cuidado!”.
Imaginem que desgraça!
As pessoas desses países emissores de turistas de alto poder aquisitivo estão comentando isso nas ruas!
Com a internet e as redes sociais então, o mundo inteiro criou essa consciência.
Meu Deus, quando será que essa mancha vai se apagar?
Quanto custará apagar da memória dos nossos potenciais clientes no mundo inteiro essa falta de competência dos governos estadual e municipal, e também dos empresários de turismo em geral em Pernambuco?
Afinal, para se ter uma idéia de pequena monta, somente os empreendimentos hoteleiros na orla de Boa Viagem, “a mais bela praia urbana do país” segundo Marcos Vilaça, somam mais de 1,5 bilhão de dólares.
Que acham?
E sem turistas vão virar cortiços de degredados clandestinos como os coreanos que ocuparam parte das torres gêmeas no bairro de São José (felizmente desalojados) ou, na melhor das hipóteses, europeus de profissões mais rudes que têm verdadeira loucura pela nossa gastronomia sexual, com a vantagem de que as nossas prostitutas beijam na boca e se apaixonam de verdade, por pouco tempo e pouco preço.
Ninguém fala em instalar redes de proteção.
Algo que poderia resolver o problema de uma vez por todas, e ainda possibilitando, inclusive, o crescimento da faixa de banho com um espaço de 200 metros depois dos arrecifes para os banhistas se refestelarem na parte mais funda das nossas águas quentes e lindas, sem serem incomodados pelos cabeças chatas, lixas e martelos.
Esses, apenas uns delinquentes juvenis comparados aos tubas brancos, os profissionais, lá na Oceania.
Na Austrália deu certo!
E lá são os tubarões brancos, os melhores e maiores profissionais, num mar infestado, e ninguém ouve falar de morte naquelas águas geladas.
Raramente se ouviu, e isso foi há muito, muito tempo atrás.
Interessante. 1,5 bilhão de dólares e milhares de empregos estão sendo colocados em risco.
A economia inteira do setor de turismo de um Estado pobre e faminto, sendo chacoalhada por meia dúzia de pessoas sem tino nem saber.
Quem nunca souberam o que é investimento de empresários sérios e nem de empregos para pessoas que precisam.
Mas são absolutamente competentes na arte hipocrisia.
São apenas HIPÓCRITAS!
HIPÓCRITAS sim, pois pega mal dizer que vão matar os bichinhos (mas, eles querem matar!).
Isso não da voto e a imprensa pode meter o pau. (mas, eles querem matar!) Se os bichinhos morrerem, vai causar um dano irreparável ao ecossistema que segura a cadeia alimentar desses tubas nativos que comem, principalmente, o próprio homo pernambucanus recifensis.
Mentira seus HIPÓCRITAS!
Olha o tanto de bichos que sumiram dos diversos ecossistemas no mundo inteiro e essas variedades de tubas que tem por aqui infestam todos os mares do planeta!
O que falta mesmo é coragem e competência para encarar um fenômeno corriqueiro de um desequilíbrio pontual numa determinada área geográfica, causado por fenômenos previsíveis como o aumento da população, com intensidade significativa, numa área exígua de faixa litorânea que a vida inteira sofreu com o mal uso do solo e das águas doce e salgada, ainda hoje usadas como esgoto natural.
HIPÓCRITAS, na maioria dos mercadinhos da vida, em Boa Viagem.
Piedade e alhures, vocês encontram carne de “Cação”, o eufemismo usado para não dizer que se trata de carne de tubarão.
Muito gostosa, aliás!
Uma moqueca, então, humm… delícia!
Fechar a praia, como querem alguns, é uma intenção no mínimo idiota!
Essa idéia, parta de quem partir, seja de lá de quem for, é de uma idiotia perfeita.
Que bravo!
O mais certo é fazer o certo.
Ou seja, ou os nossos tubas cabeças chatas, lixas e martelos deverão ter seus destinos traçados atrás das redes de proteção, ou vão para as panelas para serem comidos gostosamente e bem quentinhos, com pimenta, de preferência.
E ponto!
Essas duas opções!
Corre a boca pequena, mas todos negam, que durante muitos anos, alguns empresários mais sagazes, vendo seus empreendimentos virando “água”, passaram a comprar a barbatana dos nossos tubas por um bom preço, e o pescador ainda ficava com o bicho para vender.
Legal, não?
Que idéia brilhante!
Agora faz sentido porque os nossos tubas deixaram de aporrinhar os banhistas por um tempão.
Ou vocês pensam que foram as ações formais, organizadas por governo e empresários?
Nunca acreditei!
Esse barquinho, o Sinuelo, que pesca tubas cientificamente é uma sonora pulha! É apenas uma das minas de dinheiro dos “pesquisapones”.
Pensem nisso: enquanto não saiu a grana ele não foi pro mar e a menina morreu.
Cínico não?
Fora os convênios de antigos governos, de uns vinte anos atrás, depois que os tubas chegaram, convênios com instituições de ensino e “pesquisapones“ que nunca produziram um único esperma de tubarão como antidoto para essa praga desde o tempo quando somente o “homo pernambucanus recifensis” morria na praia de Boa Viagem ou, principalmente os seus filhos, os “surfistus pernambucanus recifensis”!
Na mão dos pescadores, aqueles cabeça chata, lixa ou martelo não teriam existido e aquela jovem não teria morrido.
Simples assim.
Mas, na falta de incentivo…
Fica a nossa perplexidade.
Parece que os empresários pararam a sua brilhante iniciativa; comprar as barbatanas dos tubas por preço bom, deixando o bicho na mão dos pescadores para a melhoria da renda.
Agora o caminho será muito longo e penoso para todos: povo, empresários e governos.
Talvez os nossos empresários sagazes tenham pensado que os Cabeças-Chata estavam extintos.
E aí chegaram a conclusão que não precisavam mais gastar dinheiro com os cabeças-chata.
E nordestino morre, amigo?
José Carlos P Azevêdo é consultor de empresas.
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