Foto: Valter Campanato/ABr Da Agência Estado O Brasil ainda pode ter que aumentar mais os juros para lidar com a inflação elevada, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O país continua enfrentando um desafio considerável para conter a alta de preços, que vem superando o topo da meta do Banco Central (BC) e requer novo aperto monetário.
A recomendação faz parte de um documento do FMI apresentado na última reunião ministerial do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, realizada em Moscou, na semana passada.
O documento tem o título “Perspectivas globais e desafios de política” e destaca que a recuperação da atividade econômica global vem desapontando e o ritmo de crescimento será menor que o esperado, sobretudo por causa da zona do euro, que segue em recessão, e da expansão mais fraca dos países emergentes.
Para os emergente, a avaliação é que eles vão navegar em “águas mais turbulentas” e os governos precisam ficar atentos a um cenário de maior volatilidade, sobretudo por conta da possibilidade de mudança da política monetária dos Estados Unidos.
Sobre o Brasil, o documento fala que o crescimento econômico continua a desapontar, embora pontue que “finalmente” o investimento dá sinais de expansão.
O Fundo prevê expansão de 2 5% para a economia brasileira, número inferior à estimativa feita em abril, quando se previa crescimento de 3%.
Nos países desenvolvidos, EUA e Japão devem ser destaques em recuperação.
O Fundo volta a falar que as políticas monetárias devem continuar sendo acomodatícias para estimular as economias.
Nos EUA, o mercado de trabalho, apesar da melhora recente, segue fraco e os estímulos monetários seguem sendo necessários.
Na Europa, em recessão, os estímulos monetários são mais que necessários.
O FMI enfatiza que o ritmo dos ajustes fiscais deve ser cuidadosamente calibrado para evitar comprometer a recuperação das economias e o crescimento, postura diferente do passado, quando a instituição dava peso maior ao ajuste fiscal em detrimento da atividade econômica.
Os desequilíbrios fiscais, diz o documento, são mais acentuados neste momento nos países desenvolvidos, como os da Europa.
Dívida O ministro da Fazenda, Guido Mantega, enviou correspondência este mês à diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pedindo alteração na metodologia de cálculo da dívida bruta brasileira.
Pelos critérios oficiais do País, a dívida fechou 2012 em 58,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Nas contas do organismo multilateral, chega a 68% do PIB. “O governo brasileiro entende que critérios padronizados para estatísticas nacionais são importantes para o FMI”, diz a carta. “Porém, dado que o critério corrente distorce a estimativa da dívida bruta brasileira, solicitamos a revisão da metodologia.” Em outro trecho, o documento afirma que os dados do FMI estão “substancialmente superestimados” e que isso prejudica a percepção sobre a situação fiscal brasileira.
Mantega explica, na carta, que a metodologia de apuração da dívida bruta foi alterada em 2008 para dar um retrato mais fiel sobre a situação das contas nacionais.
Ele informa que, desde 2000, por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Banco Central está proibido de emitir títulos.
Porém, possui em carteira um volume elevado de papéis emitidos pelo Tesouro Nacional.
No final de 2012, somava 20,6% do PIB.
Diferente do FMI, que considera todos os papéis emitidos pelo Tesouro como dívida bruta, o governo brasileiro só contabiliza como endividamento a parcela dos títulos que são utilizados em operações compromissadas, “dado que esse valor é associado à dívida do Tesouro Nacional em poder do público”.
Essas operações são realizadas pelo Banco Central com o objetivo de retirar o excesso de liquidez do mercado.
A parcela correspondia a 11,9% do PIB em dezembro de 2012.