Por Tony Gel, deputado estadual, especial para o Blog de Jamildo Desde quando se anunciou o falecimento do extraordinário Dominguinhos, tenho lido e ouvido uma série de declarações a respeito do caráter, do talento incomparável e da generosidade de que o Mestre da sanfona era possuidor.

Nas poucas oportunidades que tive de me aproximar de Dominguinhos e com ele trocar algumas palavras, fiquei com a mesma impressão daquelas pessoas que com ele conviveram mais de perto, no meio artístico, especialmente, e que fazem questão de dar o seu testemunho da grandeza de ser humano que foi o sanfoneiro de Garanhuns.

E não são poucos os que têm uma bonita história para contar.

Ouvi de Petrúcio Amorim: “Em 1984, quando gravei meu primeiro disco, eu precisava fazer uns arranjos de sanfona numas três músicas.

Meu irmão soube que Dominguinhos estava num hotel em Recife e foi à procura dele para saber da possibilidade do Mestre fazer o tal trabalho.

Dominguinhos perguntou se meu irmão o levaria no estúdio, o que foi a tarefa mais fácil.

Chegando lá, ele passou uma tarde trabalhando nos arranjos que ficaram, claro, maravilhosos!

Meu irmão, então, perguntou: “Quanto lhe devemos?”.

Dominguinhos respondeu: “Só me devem a carona de volta pro hotel”.

E olha que ele não me conhecia!”, disse Petrúcio Amorim.

Nando Cordel também contou uma bela passagem sua com o já saudoso artista pernambucano: “Eu pretendia comprar uma casa, mas as condições não me eram favoráveis.

Certo dia encontrei-me com Dominguinhos e ele me perguntou como estavam as coisas e eu respondi: “Tô com uma grande dúvida!

Tô Pensando em comprar uma casa, já que agora sou pai, mas tenho receio de fazer esse compromisso”.

Dominguinhos, prontamente, me disse: “Compre a casa!

Qualquer dificuldade, conte comigo!”.

Nunca vou esquecer esse gesto de Dominguinhos”, disse Nando.

No que concerne à produção musical de Dominguinhos, todo o Brasil reconhece ter sido ele um dos gênios na sua arte.

Garoto pobre, nascido no nosso Agreste, desde cedo demonstrou ser um talentoso sanfoneiro, a ponto de despertar em Luiz Gonzaga o desejo de ajudá-lo.

E assim aconteceu.

Na companhia de Gonzagão, desenvolveu o seu talento e se tornou um grande profissional; tocando, fazendo arranjos e cantando, especialmente, a Música Regional Nordestina.

Peço emprestadas as palavras dos amigos Petrúcio Amorim, Alcymar Monteiro e Santanna, para, em resumo, definir quem foi o artista Dominguinhos.

Disse Petrúcio: “O coração de Dominguinhos era maior do que a sua arte”.

Alcymar Monteiro, por sua vez, acrescentou: “A música de Dominguinhos é difícil de ser tocada.

Mas é uma maravilha pra se ouvir”.

A reconhecida humildade do grande Mestre é destacada por Santanna – o Cantador - desta forma: “Dominguinhos tinha o hábito de colocar a tocha da fama abaixo da linha da cintura para iluminar o caminho.

Com isso, não pisava em ninguém para subir”.

São, sem sombra de dúvidas, depoimentos de quem conhecia profundamente o sanfoneiro dos sanfoneiros, que nos deixa um grande legado.

Deixa-nos, portanto, um exemplo de caráter, de profissionalismo e de grande generosidade.

Que Deus, na sua infinita bondade, acolha o MESTRE DOMINGUINHOS em uma das suas “moradas”.

Se possível, que seja ele um vizinho de GONZAGÃO.