O evento promovido pelo movimento empresarial Integra Brasil, que busca combater desigualdade regionais, realizado na na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), na manhã desta sexta-feira, acabou chamando mais atenção pelo verniz político do que pela defesa de teses econômicos.

Na presença do governador Eduardo Campos, palestrante oficial do evento, empresários cearenses, promotores do seminário referente ao movimento, desmancharam-se em elogios ao gestor e chegaram a declarar simpatia pelo projeto de voo solo do socialista, em 2014.

O primeiro a entoar loas ao presidente do PSB foi o secretário do Conselho Estadual do Desenvolvimento Econômico (Cede) do Ceará no governo Cid Gomes, Alexandre Pereira, já na sua saudação inicial. “Melhor governador do Brasil, o senhor vai longe, com o apoio do Nordeste”, afirmou.

Declarando-se ligado ao PPS, o secretário revelou aos presentes que a intenção da plataforma de medidas que estão sendo discutidas com empresários do Nordeste tinha objetivos políticos. “Queremos pautar a agenda política de 2014.

Terão que nos respeitar e colaborar”.

Em linhas gerais, o ideário do grupo defende a inserção econômica do Nordeste nos planos nacionais, de modo a ajudar a reduzir as desigualdades regionais.

Neste ponto de vista, o Nordeste não seria um problema e sim a solução de crescimento do Brasil. “A intenção nossa é entregar a todos os pré-candidatos um plano de ação com essas políticas”.

Já a presidente do Centro das Indústrias do Ceará (CIC), Nicolle Barbosa, revelou que o grupo estará colocando em prática, em breve, um plano de ação política, em uma resposta ao questionamento do Blog de Jamildo sobre a operacionalização das discussões das teses do grupo nas ruas, com o público.

Não ficará só no discurso.

Em setembro, os empresários vão deixar suas empresas e visitar o andamento de obras públicas para ajudar a pressionar a entrega.

No seu discurso, ela citou a transposição, que estaria andando a passos de tartaruga, na sua avaliação. “Gosto muito do PSB. É uma novidade e nós estamos precisando de novidades.

Muito já foi feito, mas precisamos de mais”, disse a empresária da área de indústria gráfica.

O Centro Industrial do Ceará – CIC é o braço político da Federação das Indústrias do Estado do Ceará – Fiec. “É cedo para dizermos se vamos apoiar Eduardo Campos, mas ele é uma grande promessa”, disse.

Além de reclamar da legislação truncada para a realização de negócios, o grupo defendeu a livre iniciativa para ampliar os horizontes de crescimento do Nordeste.

No discurso, a empresária defendeu ainda a necessidade de que houvesse unidade de discurso entre governadores e parlamentares da região. “Para sermos mais fortes no contexto nacional e depois buscarmos até inserção internacional da região”.

Ela concluiu a sua fala com o slogan do grupo - o Brasil pode muito mais - antes de ter afirmado que a liderança política de Eduardo Campos já ultrapassava os limites do Estado.

O deputado federal Jorge Corte Real, presidente da Fiepe, reclamou, no evento, entre outras coisas, que as concessões (rodoviárias) federais ficaram pela Bahia. “Esse é um projeto de elaboração de um documento que vai apontar caminhos para o desenvolvimento sustentável de nosso País e do nosso Nordeste.

Um projeto dentro das realidades brasileiras, acompanhado de sugestões, soluções, de como podemos chegar junto às soluções definitivas que o País precisa”, observou Jorge Corte Real.

No mesmo evento, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o banco estaria trabalhando intensamente na sistematização das propostas para usar em um segundo ciclo de investimentos do Nordeste.

Ele disse que a discussão era oportuna, para preparação do futuro.

Um encontro no Ceará, no último fim de semana de agosto, encerrará a série de palestras do Integra Brasil, que passará ainda pelo Rio de Janeiro.

Estiveram presentes no encontro do Recife o presidente da Fiepe, Jorge Corte Real, a presidente do Centro Industrial do Ceará, Nicolle Barbosa, e a professora Tânia Bacelar. “Vamos trabalhar para produzir um caminho-proposta, onde em 20 anos consigamos participar com pelo menos 70% do PIB per-capta brasileiro (hoje é menos de 50%).

Esse caminho garantirá de fato um crescimento real e sustentável da economia do Nordeste e por consequência do Brasil.”, disse Nicolle Barbosa.