Por Otávio Luiz Machado A zona de conforto do governador Eduardo Campos só é ampliada a cada momento, mesmo diante de uma conjuntura política marcada por tensões populares e de readequação do discurso do mundo político para a efetivação de mudanças institucionais já anteriormente reivindicadas pela sociedade civil, cuja ausência de mínima atenção das autoridades nos seus mais diversos níveis se fez e faz sentida nos mais diversos grupos sociais que saíram às ruas no mês de junho.
Sou um daqueles que questiona o governo Eduardo Campos nas mais diversas áreas, como também tenho sido um dos que entendem a importância do seu nome para o debate político eleitoral em 2014, quando temas que passam batidos como “gestão pública”, “eficiência administrativa” e “diálogo e participação popular na gestão governamental” poderão finalmente ganhar contornos mais nítidos na agenda política.
Já se vão quase 20 anos que a tônica do debate político para presidente é monopolizado pelo embate PT versus PSDB, que a tal de herança maldita/herança bendita não deixa de ter destaque e o debate sobre construção de um projeto de País é substituído pelo do aparelho burocrático governamental.
O tempo de filiações e desfiliações partidárias para efeitos em 2014 é outubro de 2013, quando poderemos ter uma melhor noção das opções dos principais nomes fortes que poderão ser candidatos no ano que vem. É fato que Eduardo Campos terá total independência para indicar seu sucessor ao governo de Pernambuco para o próximo ano diante da sua avaliação positiva pelo povo de Pernambuco segundo a recém-divulgada pesquisa do IBOPE, que o coloca como o gestor mais bem avaliado entre os governadores do país.
Seu capital político só cresce, o que não é exagero dizer que só se não quiser Eduardo Campos deixará de ser candidato à Presidente do Brasil em 2014, pois mesmo não cumprindo várias promessas que fez em 2010 como candidato a governador, a percepção da maioria da população é que ele possui condições de cumpri-las em algum momento, o que não faz balançar sua autoridade e nem a confiança no seu nome pelo eleitor.
Seu grande trunfo será a aparente eficiência administrativa do seu governo, embora tenha como ônus a falta de diálogo com os movimentos sociais e o distanciamento de questões que afligem o cotidiano dos cidadãos e cidadãs do Estado, como é o caso do transporte público.
As vantagens comparativas ao governo Dilma e sua posição confortável de transitar com facilidade da forma que mais lhe convém como aliado num momento e de oposição em outras irá criar um vazio imenso no discurso dos seus opositores na disputa presidencial.
A Presidenta só poderá reagir a um grau de isolamento que aparece no horizonte caso reaja com medidas efetivas e mais populares nos próximos meses, adotando um contraponto àqueles que tentam construir novidades e se passar como “alternativa” ao que está aí. É pesquisador, educador, escritor e documentarista