Por Jamildo Melo, editor do blog Tirando Lula, com sua verborragia completamente deslocada da realidade, poucas pessoas conseguem ver hoje em dia a Dilma como a boa gestora vendida como uma técnica perfeita na campanha eleitoral passada.

Eu acredito que a nova queda na popularidade, além do despertar nacional, está relacionado com a frustração dos eleitores.

Dilma, ou seu governo, não conseguem entregar o que promete.

O que se esperava era justamente o contrário.

Que Dilma desse uma carga absurda em seu governo, neste 2013, para que chegasse imbatível em 2014.

O ano de realizações deveria ser este, pois como se sabe anos eleitorais são perdidos, vários prefeitos e governadores já estão em campanha.

Até o ano exercício fiscal é abreviado, limitando o poder de fogo do governo Federal.

Não por acaso, embora não se saiba se proposital, o governador Eduardo Campos começou a usar o mote falando na necessidade de ganhar 2013.

Será que ele já sabia que Dilma não ganharia 2013?

Na pesquisa, o pior desempenho fica com saúde, segurança pública e educação.

Nas manifestações de rua, já se viu essas cobranças.

O que a gente não viu foi ninguém levantando cartaz pedindo reforma política.

Outra conjectura possível para a nova queda de Dilma tem a ver com a resposta que Dilma e seu time deram para a crise das ruas.

Pareceu algo lunático, completamente fora da realidade, meio autista.

Onde já se viu falar em reforma política, em plesbicito, em referendo…

O que a população almeja é menos corrupção e menos desperdício de recursos.

O caso mais emblemático é o número de ministérios, 39.

Até o PMDB agora é contra.

Dilma teria que acabar com esses cabides de emprego, que nada produzem.

No levantamento, fica bastante claro que o segundo motivo para participar de novas manifestações, se elas ocorrerem, é justamente o combate à corrupção.

Dilma e o PT parecerem barbarizar esse tema.

O partido já passou da hora de afastar os mensaleiros dos cargos na Câmara dos Deputados.

Trata-se de algo simbólico.

A permanência destas figuras é um escárnio.

Outro dado que chama a atenção é a constatação da alta carga tributária. 89% disseram que discordam da tese de que para melhorar os serviços públicos seria preciso aumentar os impostos.

O que parece faltar é mais ou melhor gestão, nos hospitais públicos, situação da qual o corporativismo médico contra o programa Mais Médicos parece ser um dos sintomas.

Nesta quinta-feira, dona Dilma dá mais um tiro no pé nesta questão.

A presidente vetou o projeto de lei que extinguiria a contribuição social devida pelas empresas quando demitem trabalhadores sem justa causa.

Em mensagem publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (25), ela justifica que o projeto é contrário ao interesse público porque reduziria em R$ 3 bilhões por ano a receita do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A constribuição foi instituída por uma lei complementar em junho de 2001 e, na prática, elevou a multa paga pelas empresas nas demissões sem justa causa.

Elas pagavam 40% e passaram a pagar 50% sobre o valor dos depósitos feitos na conta de FGTS do trabalhador demitido ao longo da duração do contrato de trabalho.

O trabalhador não ganha nada a mais.

A empresa é punida com custos maiores.

A razão de ser da jogada já se exauriu e o governo Federal não quer largar o osso.

A volta da inflação, com certeza, também ajuda a reduzir a boa avaliação.

Muitas destas pessoas que foram às ruas nunca soube o que era inflação, depois de 20 anos de sucesso do plano real de FHC.

Lula pode não ter respeito por ninguém, mas não foi idiota de mudar a condução da economia, como lhe sugeriu o ex-presidente tucano na transição.

Para o Nordeste, a nota triste é o corte regional associado ao fator educação.

A popularidade do governo é melhor no Nordeste, onde 43% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom.

Na Região Sudeste, esse percentual cai para 24%.

A ampla oferta de bolsa família na região ajuda a manter os bons índices.

A notícia negativa, para Dilma, na pesquisa é que as coisas sempre podem piorar.

Como só 9% dos entrevistados participaram das manifestações, o indice de rejeição real pode ser bem maior.

Novas barbeiragem e novas manifestações podem levar o governo Dilma para o V, não de verdade, mas de vinagre.

Alvissareira, nesta semana, foi a divulgação da informação de que o comando do PT nacional não mais realizará eventos comemorativos pelos dez anos do partido à frente do Governo Federal.

O partido não relaciona, é claro, a decisão à queda da aprovação da presidente Dilma Rousseff, mas é lógico que há ligação.

O PT não poderia seguir comemorando as supostas conquistas enquanto a população clama pela implementação de melhorias significativas em diversas áreas, como saúde e educação.

Os eventos, sempre com as presenças de Dilma e do ex-presidente Lula, serviam apenas para um salto alto que agora foi quebrado pela força das ruas.