Igor Gielow, na Folha de São Paulo Absorvida a primeira onda de choque do abalo sísmico que mudou a paisagem do poder, ganha corpo no Planalto a percepção de que é preciso entrar em agosto com medidas de impacto –e que fujam de bruxarias como o malfadado plebiscito da reforma política.

A janela é curta, de duas semanas.

A atual está tomada até domingo pela presença midiática do papa Francisco.

Já a seguinte ainda não terá a volta do Congresso, onde o clima é de guerra campal e as faturas não param de ficar mais caras.

Segundo esse raciocínio, é agora a hora de mexidas, mas não uma ampla reforma ministerial, que só deve ocorrer mais à frente e poderá embutir alguma redução do desenho da Esplanada como vacina eleitoral.

Para esses governistas, é preciso tratar já de dois pontos nevrálgicos para a batalha da reeleição: economia e articulação política.

Guido Mantega inexiste como fiador de credibilidade.

Dilma gosta de insistir em erros, e a inflação do meio do ano mantém o balão de oxigênio ligado sob os escombros na Fazenda.

Mas a economia está parada como um todo, como apontou ao “Estado de S.

Paulo” Alexandre Tombini, presidente do BC.

Entrevista que, por desancar a política fiscal na véspera do corte orçamentário de mentirinha anunciado por Mantega, foi vista como um manifesto.

Se é isso, não se sabe, mas Tombini tem hoje qualidades para ocupar a cadeira de Mantega, em caso de troca: a confiança da chefe e, supõe-se, o dom de acalmar os mercados.

Na articulação, vital para evitar que o governo passe o resto do ano sob fogo, o xadrez é mais difícil.

Os nomes mais cotados para substituir Ideli Salvatti são Ricardo Berzoini e Aldo Rebelo, ambos com resistências de todos os interessados.

Para os defensores do uso da janela, o tempo corre.

No governo, a expectativa é a de que a segunda onda dos protestos de rua venha no 7 de Setembro.

E que seja ainda maior.