Uma reforma para Dilma Por Vera Magalhães, na Folha de São Paulo Em mais um lance da partida de passa anel’’ entre Executivo e Legislativo, com um empurrando para o outro a batata quente de responder às ruas, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), sugeriu que Dilma Rousseff corte de 39 para 25 o número de ministérios. É uma conta feita para gerar um factoide e um número redondo, e não uma proposta para valer.

Se fosse, o PMDB teria de dizer que abriria mão de 36% de seu espaço na Esplanada.

Mas Alves não chegou até aí.

Ainda que involuntariamente, no entanto, ele apresenta um número realista caso Dilma quisesse mesmo enxugar o governo –e não criar cargos ridículos como o de diretor do Departamento de Racionalização das Exigências Estatais da Secretaria de Racionalização e Simplificação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.

Para chegar ao número mágico, há uma engenharia simples: 1.

Tirar o status de ministério de dez secretarias, reduzindo as estruturas e vinculando-as a outras pastas; 2.

Tirar o caráter ministerial de órgãos de assessoria da Presidência, como Advocacia-Geral e Controladoria-Geral da União, Gabinete de Segurança Institucional e Secretaria de Comunicação de Governo; 3.

Devolver os portos e aeroportos ao Ministério dos Transportes; 4.

Extinguir o folclórico Ministério da Pesca e repassar suas atribuições à Agricultura (se nem a pecuária tem sua própria pasta, por que a pesca?); 5.

Rever a gambiarra que tornou ministro o presidente do Banco Central, uma jabuticaba lulista; 6.

Extinguir a desacreditada pasta das Relações Institucionais e devolver a articulação política à Casa Civil.

A conta é simples e a lógica cristalina, mas tal reforma não sairá porque partidos como o PMDB e caciques como Henrique Alves não permitirão –o risco é romperem com Dilma e implodirem sua reeleição.

Como o plebiscito, a reforma ministerial do PMDB é conversa mole para tentar fazer o gigante dormir.