Por Terezinha Nunes Um dos maiores pensadores da América Latina sobre planejamento estratégico – foi ministro de Salvador Allende – o chileno Carlos Matus criou a expressão “tecnopolítico” para definir o que chamou de uma nova categoria profissional capaz de unir a formação técnica com a perícia política para conduzir um novo modo de governar.

Na sua visão, algo mais condizente com as necessidades do mundo atual e para garantir a própria sobrevivência da democracia.

Matus advogava, em suma, a profissionalização da gestão pública através desses atores mas nunca preconizou a transformação do tecnopolítico - pessoa que atua nos bastidores - em um líder político, ou seja, alguém que precisa de uma visão bem mais ampla, de uma grande capacidade de diálogo e, sobretudo, de carisma, para conduzir um município, um estado ou mesmo uma nação.

No Brasil, porém, alguns tecnopolíticos foram transformados por seus “padrinhos políticos”, em geral pessoas muito populares, em continuadores do seu legado.

Com raras exceções, porém, a experiência não tem dado certo.

Definidos como “postes”, na linguagem popular, uma vez que nunca haviam passado pelo crivo das urnas, estes apadrinhados têm, ao contrário do que imaginavam seus criadores, se atrapalhado na gestão pública.

A nível nacional, a presidente Dilma, transformada em sua continuadora pelo ex-presidente Lula, tem dado vexames de todo tamanho neste momento em que o país atravessa uma crise econômica, política e social de grande dimensão.

Excessivamente técnica, de difícil traquejo, ela está sendo questionada e enfrentada pela base governista no Congresso e foi colocada no canto da parede pelas manifestações populares que sacodem o país, deixando um vazio de amedrontar no cenário político.

Em Pernambuco, o exemplo mais claro do tecnopolítico que não deu certo foi o ex-prefeito da capital, João da Costa.

Como Dilma, foi escolhido pelo ex-prefeito João Paulo (PT) para seu sucessor e acabou amargando os mais baixos índices de aprovação de um gestor na capital.

Levou o PT a uma crise que resultou humilhante.

O senador Humberto Costa ficou em terceiro lugar na eleição de prefeito em 2012, após três inquestionáveis vitórias seguidas de candidatos petistas.

Em 2012, o governador Eduardo Campos guindou o seu tecnopolítico mais competente, o secretário Geraldo Júlio, ao posto de candidato a prefeito da capital.

Com o perfil de gerente de tudo que o governo produziu e o slogan -“foi Geraldo que fez” – ele acabou eleito no primeiro turno.

Não se pode dizer que Geraldo pode vir a ser uma decepção como gestor - afinal está apenas há seis meses no governo - mas também nada garante que venha a se transformar no grande administrador que foi mostrado no imenso horário eleitoral de que dispôs.

Uma coisa, porém, é certa: o novo prefeito está, até agora, aquém do que se esperava e, se comparado com os últimos prefeitos da capital, alguns eleitos governadores, tem deixado a desejar.

Tudo bem que Geraldo encontrou a máquina municipal em dificuldade, após a desastrosa gestão de João da Costa, mas por si só já produziu diversas agendas negativas como foi o caso da ideia de um rodízio que não deu certo.

Sua maior obra nesta época foi a ciclovia aos domingos e feriados, muito pouco, porém, para as necessidades de uma cidade que precisa, pelo menos, de um dever de casa como desentupir galerias, tapar buracos nas ruas, fazer uma limpeza urbana exemplar e consertar os prédios públicos que abrigam escolas e postos de saúde.

Isto para dizer o mínimo.

CURTAS Sina O PTB que tem, por si só, a chapa de candidatos a deputado federal mais cobiçada para 2014 – não há nenhum grande puxador de votos – corre o risco de ter sua tropa neutralizada.

Como o senador Armando Monteiro é candidato a governador vai precisar fazer coligações para se viabilizar e é capaz de ajudar a eleger mais gente de fora do que de dentro da legenda petebista.

Romário O ex-deputado estadual Romário Dias – sem partido - revelou aos amigos que vai mesmo disputar a eleição de deputado estadual.

Já começou, inclusive, a conversar para definir em que legenda vai se filiar.

O filho de Romário, Leo Dias, é atual deputado estadual pelo PSB e não pretende concorrer à reeleição.

Menudos Com a desistência de Leo vai se reduzir a bancada dos menudos na Alepe, como foram batizados os deputados que se elegeram em 2010 com o apoio dos pais.

Além dele, outro que não tentará a reeleição é Botafogo Filho.

Restam Vinicius Labanca (filho de Étore Labanca) e Pedro Serafim Neto (filho dos ex-prefeito de Ipojuca Pedro Serafim).

Esses dois mantêm-se candidatos.