Por Ayrton Maciel Do JC Online Uma marcha de 25 mil quilômetros e uma coluna militar invencível.
Os 90 anos de um dos episódios mais marcantes da história do Brasil, no século XX, a marcha da Coluna Prestes (1924-1927), serão lembrados em 2014 com uma simbólica marcha e a construção de monumentos ao longo do percurso feito pelos capitães e tenentes do Exército Brasileiro que lideraram o movimento político.
A Coluna visava a derrubada da República Velha – o que só viria a acontecer em 1930 –, defendendo o voto secreto, o ensino público e a obrigatoriedade do ensino primário para todos os brasileiros.
Dois desses monumentos serão erguidos em Pernambuco, nas cidades de Floresta dos Navios e Triunfo, no Sertão.
Líder da Coluna, juntamente como o general paulista, Miguel Costa, o capitão Luiz Carlos Prestes – que deu o nome à marcha, quando ainda não era comunista – comandou o agrupamento militar desde o Rio Grande Sul, cruzou o Centro-Oeste e atravessou o Nordeste, retornando para ingressar na Bolívia, onde a marcha se dissoveu.
Prestes morreu em 1990, aos 92 anos.
O projeto de erguer monumentos em cidades onde passou a coluna parte da família do Cavaleiro da Esperança, à frente a sua segunda esposa, Maria Prestes, 82 anos, e um dos sete filhos que teve com o revolucionário Luiz Carlos Prestes Filho.
Uma das entidades à frente do empreendimento é a Fundação Mauricio Grabois, instituto ligada ao PCdoB, embora ao longo da maior parte de sua vida o comandante Luiz Carlos Prestes tenha sido filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB, o Partidão). “Erguer monumentos em alguns Estados está em andamento.
Já temos o Rio Grande do Sul, Paraná, Tocantins e Ceará.
O projeto arquitetônico é de Oscar Niemeyer. É um único modelo.
Um projeto da família que tem um leque de forças política do país apoiando”, destaca o presidente da Fundação, Adalberto Monteiro.
A família de Prestes é quem está fazendo o contato com os governos dos Estados por onde passou a Coluna, e em Brasília, com o governo.
Há 15 dias, quando esteve no Recife, para o lançamento da terceira edição do livro Meu Companheiro, 40 anos ao lado de Luiz Carlos Prestes, Maria Prestes foi recebida pelo governador Eduardo Campos (PSB), em almoço.
Expôs a ideia e recebeu a imediata adesão do socialista. “Ele concordou e disse que irá ajudar na construção”, revelou ela.
Em Pernambuco, os monumentos estão previstos para Floresta, a 433 Km do Recife, Sertão do São Francisco, e Triunfo, a 355 Km, no Pajeú. “O governador espera construir os dois monumentos até o final do ano”, adiantou Luiz Carlos Prestes Filho.
Em 2014, os 90 anos da Coluna Prestes terá, também, um conjunto de atividades para rememorar a histórica marcha. “Pretendemos, também, em alguns trechos da Coluna, fazer cavalgadas simbólicas, como no primeiro trecho, que parte de Santo Ângelo (RS), no Rio Grande do Sul, e vai até Foz do Iguaçu, no Paraná, local do encontro das tropas de Prestes e com as do do general Miguel Costa (saídas de São Paulo)”, destaca Adalberto Monteiro.
A união das duas colunas transformou a marcha dos revoltosos em Coluna Miguel Costa-Prestes, como é menos conhecida.
O projeto prevê a adesão dos governos e das prefeituras para organizarem um conjunto de atos pela passagem dos 90 anos. “Vamos organizar um seminário internacional, pela Fundação Maurício Grabois, para e discutir o que foi a Coluna Prestes e lembrar marchas semelhantes na história do século passado, no mundo, como a grande marcha de Mao Tse Tung, na China.
E as dos revolucionários em Cuba e em países da África”, diz. “Já temos monumentos em Santo Ângelo, Santa Helena (PR), Arraias (TO) e Crateús (CE).
Estamos trabalhando para construí-los em Pernambuco, na Paraíba (em Souza) e no Piauí (Oeiras)”, assinala Maria Prestes. “Em alguns lugares, pesquisadores conseguiram encontrar em casas de famílias de remanescentes do período os utensílios e equipamento da Coluna, que esses proprietários não aceitaram doar.
Permitiram apenas a reprodução das peças”, detalha.