Foto: Clemilson Campos/JC Imagem Por Gabriela López Do JC Online Embora o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), negue publicamente dificuldades para tocar o Orçamento Participativo – um dos principais programas deixados pelos 12 anos de administração do PT –, não haverá plenárias este ano para aprovar novas obras e serviços.

A decisão do governo socialista baseia-se, oficialmente, no fato de haver mil ações aprovadas pelo programa em anos anteriores – algumas datadas de 2002 – que sequer iniciaram.

Destas, apenas 181 têm projeto executivo pronto.

Sem alarde, a Secretaria de Governo e Participação Social realizou no último dia 25 uma reunião com a coordenação do Conselho do Orçamento Participativo e com os coordenadores das 18 microrregiões, na qual explicaram os impedimentos para aprovar novas obras e justificaram o atraso para iniciar as plenárias, cujo ciclo começava entre abril e junho nos anos anteriores. “Segundo a prefeitura, a demora foi porque eles estavam fazendo um levantamento do OP, disseram que tem muita obra atrasada”, contou o delegado responsável pela Ilha de Santa Terezinha (em Santo Amaro, área central da cidade), Edejonhson da Silva Pinto, que participou do encontro.

A prefeitura decidiu que este ano fará plenárias apenas para prestar conta das obras já aprovadas, fato que, por enquanto, não foi visto com preocupação por Edejonhson. “O OP não existe só para discutir obra, nasceu para que a sociedade tenha controle do orçamento do município”, explica.

Mas faz o alerta: “a questão é manter a conquista”.

Ontem, no sétimo mês de governo, a prefeitura divulgou o calendário das reuniões com os 907 delegados do OP.

Serão 18 encontros entre esta segunda-feira (15) e o dia 24, comandados pelo secretário de Governo e Participação Social, Sileno Guedes, e pelo secretário-executivo de Participação Social, Hermes Delgado.

As obras que têm projeto executivo serão licitadas, de acordo com Delgado.

Juntas, elas somam aproximadamente R$ 150 milhões, que não estão previstos no orçamento deste ano.

As demais passarão por uma negociação com os delegados para rediscutir as prioridades.

Questionado se alguma obra aprovada pode ser abortada nesta repactuação, ele apenas disse que vai ouvir os delegados.

O secretário negou que a não aprovação de obras este ano pode enfraquecer o programa. “Muito pelo contrário, queremos requalificar o OP.

Agora, vamos fazer as coisas com responsabilidade.

Não dá para ficar levantando demanda sem fazer entregas”, alfinetou.

Em relação ao atraso para iniciar o “OP do governo Geraldo”, ele explicou que foi preciso fazer o levantamento das obras.

Mas lembrou: “o movimento popular não deve ficar a reboque da prefeitura, tem que ser autônomo.

Não era necessário a prefeitura para fazer reuniões.” Procurado pela reportagem, o ex-prefeito João da Costa (PT) disse que não iria comentar o assunto sem ouvir um posicionamento oficial do novo governo.

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