Foto: José Cruz/ABr Do Jornal do Commercio desta quinta-feira (11).
BRASÍLIA - A audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, realizada ontem para discutir o denúncia de espionagem eletrônica feita pelos Estados Unidos no Brasil apontou falhas na segurança dos dados do País, bem como exigiu explicações dos americanos. “O Brasil está na infância em temas como segurança cibernética”, admitiu o ministro da Defesa, Celso Amorim.
Em resposta às denúncias, os EUA deverão enviar uma equipe de técnicos para responder a perguntas do governo brasileiro.
De acordo com os ministros presentes à reunião, o próprio Edward Snowden, ex-técnico da NSA (Agência de Segurança Nacional americana) poderá ser ouvido durante as investigações.
O ministro da Defesa ressalvou, por outro lado, que o Brasil não está sozinho em suas vulnerabilidades.
O próprio Leon Panetta, secretário de Defesa dos EUA, segundo Amorim, reconheceu o risco de seu país viver um “Pearl Harbor cibernético”.
Países europeus, como a Alemanha, foram igualmente pegos de surpresa pela dimensão do suposto monitoramento de seus dados.
Leia também: Itamaraty quer explicações sobre denúncia de espionagem americana no Brasil PCdoB solicita instalação da CPI da espionagem O sistema brasileiro é particularmente frágil porque os softwares de segurança são todos estrangeiros. “No meu computador, por exemplo, eu aperto um botão e ele deve ligar direto com a Microsoft”, comentou Amorim.
Ele defende o desenvolvimento de equipamentos e programas brasileiros.
O País é vulnerável, também, porque todas as comunicações, “incluindo as de Defesa”, passam por um satélite que não é brasileiro.
A montagem de um satélite geoestacionário brasileiro “é prioridade da Defesa, até mesmo porque ela terá uma faixa própria”, informou Amorim.
Os EUA enviarão uma equipe de técnicos para responder a perguntas do governo brasileiro sobre a denúncia de espionagem de telefonemas e transmissões de dados no País.
A informação foi dada pelo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, convocado para conversa com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, na última terça-feira.
Segundo o Itamaraty, os americanos reconheceram como legítima a queixa brasileira.
Ou seja, concordam que, se houve mesmo espionagem, o Brasil tem todo o direito de reclamar.
No entanto, em nenhum momento os EUA admitiram ter cometido qualquer ilegalidade.
O Brasil pretende aumentar a pressão internacional na cúpula do Mercosul, amanhã, em Montevidéu. “A oportunidade não será desperdiçada”, disse Patriota, em reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
A preocupação do chanceler é evitar uma declaração em tom antiamericano, sobretudo porque outros países da região também foram espionados.
A estratégia brasileira é obter apoio do Mercosul para impulsionar discussões sobre segurança cibernética no âmbito das Nações Unidas.
Segundo Patriota, o Brasilfoi o único país a tomar iniciativa de acionar o sistema multilateral para tratar da questão.
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