Por Marco Iten Imagem Pública é coisa séria e, hoje, podemos dar exemplos práticos, próximos e bem atuais sobre a Arte que é a exposição pública de figuras políticas.
Todo político deseja a exposição permanente, ser visto, ser comentado, ser fotografado, ser citado pela Imprensa e pelas Redes Sociais.
Mas deseja que tais citações sejam positivas, é claro.
Na prática, no entanto, não é o que acontece.
A Mídia é frequentemente crítica, como deve realmente ser.
A chamada Grande Mídia, no entanto, não é pautada apenas pelos grandes fatos negativos – e esta verdade será abordada no decorrer destas linhas.
A presidente Dilma viu sua Imagem Pública ruir em menos de 60 dias, num turbilhão de fatos negativos, todos eles de conhecimento público, como a volta da inflação, o esgotamento do cidadão pelos altos impostos, a degradação dos serviços públicos de saúde, estradas esburacadas, custo de vida, alto endividamento das famílias, o fim da ilusão do consumo desenfreado, mordomias do alto escalão, voos turísticos com aviões da FAB, 39 ministérios efetivamente incompetentes, comércio exterior deficitário, escândalos federais diversos, péssima gestão das finanças públicas, má gestão da PETROBRÁS, déficits bilionários na ELETROBRÁS, manifestações públicas em todo o país e a sensação nítida de que o PT vendeu uma ilusão que não conseguiu cumprir: a do partido que desenvolveria o país e empreenderia a Justiça Social, com Ética.
Desnecessário seguir o diagnóstico.
O que vale neste momento é observar como o governo federal e os responsáveis pela comunicação da presidente e da Presidência empreendem um esforço de resgate – ou, pelo menos, de atenuação – da Imagem Pública do grupo político lá instalado.
Do impacto inicial das notícias econômicas Brasília se via como impermeável a sofrer efeitos negativos, imaginando que a população estaria – e estava – anestesiada em sua capacidade crítica e no poder de identificar responsáveis pela inflação e escândalos como integrantes do governo.
O raciocínio era: “Isso não cola na Dilma, como não colou no Lula”.
E a garantia estava nos altos índices de popularidade nunca antes verificados.
O Tsunami político veio das ruas, dos jovens, da classe média informada, como vimos, no Brasil e em todo o mundo.
Para a opinião pública internacional estamos vivendo o Outono Petista, como o Oriente Médio teve sua Primavera Árabe.
Após a grande onda de manifestações o Planalto vem tentando agir para interromper o foco de desgastes e de atenções negativas que sobrevoam o ambiente palaciano.
A tarefa, até o momento, vem desencadeando mais e mais fissuras negativas na percepção popular e, diretamente, no ambiente político que sustenta o governo federal.
O pronunciamento da presidente pode ser avaliado como desastroso.
Senão, vejamos: negou haver dinheiro público nas obras da Copa; propôs plebiscito ou referendo e uma Constituinte específica para a Reforma Política; prometeu ouvir a Nação e, num balanço geral, não disse o que desejávamos ouvir: ela não se comprometeu a começar a governar o país.
Do pronunciamento até o presente momento, a presidente cumpre uma sucessão de lançamentos, posicionamentos e aparições que visam desviar as atenções dos brasileiros para temas periféricos – médicos estrangeiros, espionagem americana, plebiscito, Marcha de Prefeitos, temas nada estruturantes para um país que aguarda respostas. À Grande Mídia – notadamente as TVs e seus grandes telejornais – cumpre o papel de porta-voz eletrônico dos desejos dos detentores do poder, e o fez inicialmente criminalizando as manifestações (com destaque desproporcional para os poucos arruaceiros), potencializando o Futebol, Neymar e assuntos periféricos, mas nunca buscando as origens dos descontentamentos que pesquisas qualitativas indicam: a frustração do brasileiro cresce na mesma proporção da quebradeira das empresas do ex-ícone da Era Lula, Eike Batista.
O grande pesadelo é a irremediável perda de apoios políticos no Congresso e a fuga dos (hoje) partidos aliados na corrida sucessória de 2014.
Ela já começou e os aliados desenham planos B, C e D, sem o PT.
O Tsunami político está nas ruas, com as donas de casa, os aposentados, taxistas, estudantes.
Brasília implora para que o Papa venha logo.
Que a Seleção vença todas.
Que ninguém fique doente.
Que catástrofes naturais ocupem o noticiário.
Brasília reza para que a “Nossa Senhora do Factual” envie muitas notícias bombásticas – e todas elas longe de Brasília, é claro…
Assim é a aplicação das técnicas da Imagem Pública: perto da Dilma só as boas notícias, ou nenhuma notícia.
Esqueçam de mim!!!
Deixem a vida me levar, já cantava o antecessor.
Marco Iten é consultor de Marketing Político, jornalista e autor de 4 livros sobre Marketing Político e Internet nas campanhas eleitorais.