Médicos pernambucanos protestaram na semana passada contra facilitação da entrada de profissionais estrangeiros no Brasil (Foto: Priscila Buhr/JC Imagem) As medidas anunciadas nesta segunda-feira (8) pela presidente Dilma Rousseff (PT) para tentar ampliar a oferta de médicos no País e melhorar a formação dos profissionais foram criticadas pelo presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Jorge Lôbo.

Curso de Medicina passará de 6 para 8 anos em 2015 e estudantes precisarão atuar no SUS Padilha diz que médicos estão mal distribuídos no País O pacote do governo federal inclui a ampliação do tempo do curso de Medicina, que passará de 6 para 8 anos em 2015.

Nos dois anos que foram acrescidos, os estudantes precisarão atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, na contramão dos protestos da categoria, a petista anunciou a facilitação da entrada de médicos estrangeiros no Brasil, que, agora, não serão obrigados a fazer o Revalida para trabalhar nas unidades públicas brasileiras. “Vemos a ampliação do curso de medicina como um equívoco político do ponto de vista da formação médica.

Entendemos que é preciso mudar a cultura de tratar a doença no País.

Os médicos sempre são formados para dar o diagnóstico, em vez de focar na prevenção da doença”, alerta Mário Jorge Lôbo.

Para ele, deveria ser criada uma carreira de médicos na rede pública, para valorizar o trabalho dos Médicos da Família, que atuam na prevenção. “Vão tirar os postos de trabalho que poderiam ser dos Médicos da Família e disponibilizá-los para estudantes”.

Sobre a facilitação da importação de médicos, Mário Jorge classifica a medida como “paliativa”, argumentando que o problema da saúde no Brasil não é apenas a falta de profissionais. “É uma questão da condição da rede. É preciso investir na infraestrutura, estruturação e qualificação dos postos de saúde.

Médicos estrangeiros já podem atuar no Brasil.

Eles não vêm porque não é atrativo”, apontou.

Uma das reivindicações da categoria é a destinação de 10% da receita bruta da União para a saúde.

ASSEMBLEIA - Nesta segunda (8), médicos de Pernambuco das redes públicas e privada, além de estudantes de medicina, estarão reunidos em Assembleia Geral para discutir a mobilização em defesa das bandeiras do Movimento Médico Nacional, que também é contrários às medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff.

Os profissionais terão um encontro na próxima quinta (11), em Brasília, e podem aprovar indicativo de greve geral.

A assembleia desta segunda (8) ocorre às 19h, no Teatro Valdemar de Oliveira, localizado na Rua Osvaldo Cruz, na Boa Vista, área central do Recife.

Os anúncios do governo federal, que já eram especulados há alguns dias, foram alvos de um protesto realizado na semana passada pelo Simepe, no Centro do Recife.