Por Diogo Guedes Do JC Online Três cancelamentos em cima da hora, forte presença dos temas políticos, protestos que criticavam também o evento, ruas menos cheias; tudo isso poderia dar a impressão de que a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano simplesmente não obteve êxito nos seus objetivos.
Foi um festival sem grandes momentos, com exceção, talvez, da mesa sobre os 80 anos do cineasta Eduardo Coutinho, mas cheio de boas discussões paralelas sobre literatura e política – houve presença de presidenciável e até uma declaração oficial de um ministro.
Na coletiva de encerramento do festival no doming (7/7), o próprio curador, Miguel Conde, admitiu que talvez os convidados desta edição fosse, sim, menos famosos que os do ano passado.
Além dos diversos momentos de discussão direta nas mesas sobre os protestos, no sábado, a Flip foi um dos alvos da população, que foi às ruas pedir mais educação e saúde na cidade, além de denunciar o alto número de assassinatos na cidade.
Os manifestantes fecharam a ponte que dá acesso à Tenda Principal por alguns minutos.
As mesas sobre Graciliano e até mesmo a conversa entre Jeanne-Marie Gagnebin e Roberto Calasso sobre Kafka e Baudelaire tocaram no tema das manifestações.
Hoje, a ex-ministra e presidenciável Marina Silva (Rede) compareceu a um dos debates – pessoas na rua também a pararam para tirar fotografias.
O ápice da politização do evento foi a coletiva convocada às pressas para uma declaração do ministro de Relações Exteriores sobre a denúncia de que os Estados Unidos espionaram mais de 2,1 bilhões de telefonemas e e-mails de cidadãos brasileiros, segundo dados vazados pelo técnico de informática americano Edward Snowden.
Sinal pontual de uma Flip positivamente contaminada pelo debate político, com uma visão mais reflexiva do momento e da política – sempre importante para extrair parte da essência do que é imediato.
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