Foto: Michele Souza/JC Imagem Por Bruna Serra, do Jornal do Commercio Os times de futebol Barcelona, Arsenal e Ajax estão em polvorosa.

Não se trata de contratações milionárias de novos astros do esporte, como estão acostumados os clubes “originais”, gigantes do futebol mundial e que estão sediados bem longe das três equipes homônimas fundadas na comunidade do Entrapulso, em Boa Viagem.

Justamente no ano em que o Brasil sediou a Copa das Confederações, o programa Futebol Participativo (FP), realizado pela Prefeitura do Recife há dez anos, está parado.

Apelidado pela megalomania pernambucana como o maior campeonato de futebol de várzea do mundo – com mais de 500 equipes e chegando a 12 mil jogadores de bairro – o Futebol Participativo deveria ter iniciado sua primeira rodada em abril.

O programa reúne times amadores das principais comunidades do Recife.

Na primeira etapa, os clubes das Regiões Político Administrativas (RPAs) se enfrentam.

Terminado a seletiva, os campeões jogam entre si para que seja louvado o campeão recifense de futebol de várzea.

Além de definir as regras e premiar os jogadores com taças e medalhas, a PCR marca os campos e define com a Associação de Árbitros de Pernambuco as equipes que serão escaladas para apitar as partidas.

Diretor do Arsenal, Josenildo Bezerra da Silva está preocupado.

Afirma que muito se fala sobre o fim do projeto. “O que dizem aqui é que o prefeito Geraldo Julio não gosta de futebol, por isso que o projeto vai acabar.

Eu não sei.

O que sei é que o pessoal da prefeitura sempre ligava para marcar o calendário e em abril já começavam as partidas, mas até agora nada”, desabafou.

O Arsenal, conta Josenildo, foi o último campeão da RPA 6 e oferece treino para 22 jovens da comunidade. “Se o campeonato não acontece, é mais difícil você prender os jovens nos treinos.

E isso é fundamental para tirar eles da violência e das drogas”, afirma o dirigente, que trabalhou durante a campanha de 2012 para que o atual prefeito fosse eleito.

Genildo Marques, 66 anos, é o “dono”, como ele mesmo se define, do Ajax.

Tem mais de 40 jogadores interessados em participar do programa.

Ele também tem ouvido que o programa está chegando ao fim. “Sem um calendário é bem complicado manter o pessoal animado”, assegura.

O drama vivido por ele é semelhante ao do técnico do Barcelona, Gilmar do Nascimento, 40 anos. “Todo ano tinha uma reunião enorme no Geraldão (Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães).

Esse ano, não fomos procurados pela gerência de futebol amador que convoca as equipes”, reforçou Nascimento.

Os três são unânimes em dizer que o apoio oferecido pela PCR é insuficiente.

Reclamam da falta de manutenção dos campos de bairro, onde a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) não passa para fazer o corte da grama.

Também queixam-se da falta de apoio na oferta de uniformes, bolas e redes, bem como das dificuldades de locomoção para a realização das partidas. “Tudo sai do nosso bolso. É difícil manter, custa caro!”, sublinha Josenildo Bezerra.

Quando enviou a Lei de Orçamentária Anual (LOA) à Câmara de Vereadores, o ex-prefeito João da Costa (PT) conseguiu aprovar um orçamento de R$ 440 mil para o programa.

Por três anos consecutivos, o município conseguiu patrocínio da empresa Vivo.

Em virtude das dificuldades de contatos na PCR, algumas equipes estão desistindo de participar do programa, como a Real, da Mustardinha, e a Barro Palmeira, da Ilha do Destino.

OUTRO LADO - Um dos representantes do PCdoB na gestão socialista à frente da Prefeitura do Recife, o secretário de Esportes e Copa do Mundo, George Braga, rechaçou o modelo de campeonato de várzea implementado pela gestão anterior – do ex-prefeito João da Costa (PT) –, da qual o seu partido também fazia parte, ocupando a presidência da Autarquia de Saneamento do Recife (Sanear). “Mudamos o projeto.

Não é obrigado a fazer no período da gestão passada.

Decidimos que ele vai acontecer no segundo semestre.

Não queremos repetir o que a gestão passada estava fazendo”, afirmou George Braga.

Apesar de os jogos não estarem acontecendo ainda, o secretário garantiu que o projeto não está parado.

Assegurou que a pasta de Esportes estuda criar novas categorias, como a sub 15 e a sub 17, bem como mudar o nome do projeto.

George Braga disse já ter procurado o Ministério dos Esportes, ocupado pelo correligionário Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para estabelecer parcerias, especialmente nos projetos Ciclos Populares dos Esportes e Segundo Tempo.

Entretanto, não recordou o nome do responsável pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte, Wadson Nathaniel Ribeiro, também integrante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). “Eu nunca me recordo o nome dele”. “Parte (do projeto) não posso lhe adiantar porque depende de recursos do governo federal.

Estamos, em paralelo, buscando parcerias com cursos de inglês”, disse ele, apesar da destinação na Lei Orçamentária Anual (LOA) de R$ 440 mil para o Futebol Participativo.

Questionado se o patrocínio da empresa de telefonia Vivo não poderia ser retomado, o secretário resumiu: “O patrocínio era insignificante.

Muito pequeno”, disse.