Por Cleonildo Cruz, Historiador e cineasta As placas tectônicas da sociedade brasileira se deslocam no nosso país, debaixo de nossos pés.

Todos sabem, que na geologia quando ocorre alterações nas placas provocam erupções, abrem fendas que causam enormes consequências causando terremotos, maremotos e tragédias. É tempo de reconstrução de novos parâmetros da gênese e cultura política.

Utilizo dessa analogia para exemplificar o quanto fomos atingidos na superfície e pegos de surpresa desnudando várias vozes que demonstra a vitalidade da nossa democracia.

Esse termômetro explicitou a vivacidade de uma geração recente. É só fazermos uma verificação geracional: quem nasceu em 1985 (Governo Sarney), tem 28 anos; quem nasceu em 1989 (eleição direta Fernando Collor é eleito presidente), tem 24 anos; quem nasceu 1992 (impeachment de Fernando Collor), tem 21 anos; quem nasceu em 1995 (Governo FHC), tem 18 anos.

Ficamos até aqui para entender um pouco a mentalidade dessa juventude que foi as ruas e fez as placas tectônicas se mexer.

Governos pós-redemocratização: Governo Sarney (1985-1990); Fernando Collor (1990-1992); Itamar Franco (1992-1994); Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); Lula (2003-2010); Dilma Rousseff (desde 2011).

Afirmo que essa geração juvenil pós-redemocratização: do Fernandismo (FHC 1995-2002) ao Lulismo (2003-2010) estava apática e não conhecia o poder catalizador das mobilizações frente a várias conquistas advindas dos governos: estabilidade da moeda, das instituições, mobilidade social, conquistas individuais e coletivas, garantias de direitos constitucionais.

Todos fomos pegos de surpresa: políticos, movimentos sociais, imprensa e intelectuais sociais.

A relação do executivo com o legislativo desde a redemocratização sempre foi tumultuada.

Em tempos de crise a reforma política volta a pauta, nunca foi feita pelo simples fato dos parlamentares não legislarem contra eles mesmo.

Sempre olhando para eleição próxima.

Parece-me que o congresso começar a das sinais que não quer reforma politica.

Vivíamos em um regime militar que foi instaurado em 1964 e foi preciso vinte e um anos de luta, martírio, mortes, torturas e várias frentes para sairmos do poder dos militares.

Foi um processo negociado com o regime e não tivemos eleições diretas, em 15 janeiro de 1985 Tancredo Neves é eleito, mas com sua morte quem assumiu a presidência do Brasil foi José Sarney.

A constituição que tínhamos referendava o regime ditatorial e era preciso uma nova constituição do país, que foi fruto da luta de brasileiros e brasileiras no processo de redemocratização para garantir o clamor das ruas pelo exercício do pleno direitos políticos, individuais e sociais. É preciso entender que as vozes e as mensagens nos cartazes ecoados pelas ruas do país.

Vozes difusas geracional que hoje vivenciam as conquistas advindas do processo da redemocratização, consolidadas na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987-1988, foi efetivado o Estado Democrático de Direito.

Eleições diretas para todos os cargos políticos efetivos, voto aos maiores de 16 anos, direitos individuais e coletivos.

A constituição restaurou e fortaleceu as instituições com separação de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário que colocou o país nos trilhos de um Estado de Direito.

Preâmbulo da Constituição da Republica Federativa do Brasil: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.

A maioria da juventude que estava nas ruas em protesto não participaram do processo das lutas políticas pela redemocratização do país, mas são frutos dessa história.

A questão geracional e os instrumentos de mobilização mudaram.

Todas essas datas são importantes no processo de construção e aprimoramento da nossa democracia.

As placas tectônicas de mobilização social não são mas as mesmas.

Os padrões de comportamento mudaram e os apelos de articulação para ir as ruas.

Não é mas os movimentos sociais clássicos, as Ong’s, os sindicatos, os partidos e os militantes engajados que convocam para grandes mobilizações.

Novos tempos de geracionais de ebulição social em tempo real.

Que bom.