Do Jornal do Commercio desta sexta-feira (5).
BRASÍLIA - Após reconhecer que era “impossível” realizar plebiscito sobre uma reforma política até outubro deste ano para que as regras possam valer para as eleições do ano que vem, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), provocou a ira da presidente Dilma Rousseff (PT) e viu-se obrigado a recuar em suas declarações.
Cerca de cinco horas depois de afirmar que não haveria tempo para a consulta, Temer distribuiu nota na qual “reafirma” que o governo “mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014”.
Nesse clima de vaivém, e diante das crescentes reações no Congresso, tanto da base aliada quanto da oposição pelo adiamento do debate sobre a reforma política, o governo começou a procurar saídas para que sua proposta encontre alguma tábua de salvação.
O Palácio do Planalto decidiu se aliar à Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) para apoiar a sua proposta de fazer mudanças nas regras eleitorais, para fazê-las valer já, o que, na sua avaliação, seria o atendimento ao clamor das ruas.
O entendimento do governo é que propostas de iniciativa popular - como a que a OAB apresentou - têm sempre uma tramitação muito rápida no Congresso, devido à pressão que recebem.
Dilma mandou emissários conversarem com o presidente da OAB, Marcus Vinícius Coêlho, oferecendo apoio à sua proposta de reforma política.
Dilma começou a pensar nesta estratégia quando viu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) praticamente enterrar sua ideia, ao falar da exiguidade do prazo para realizar o plebiscito - fixou um prazo de 70 dias para o processo logístico do plebiscito.
A presidente, porém, quer aproveitar a onda de indignação das ruas para conseguir as mudanças de qualquer jeito, seja via plebiscito, seja via emenda popular.
A posição de Temer contra plebiscito já, no entanto, refletia a insatisfação dos partidos da base aliada, inclusive o PMDB, do vice-presidente.
Essa posição ficou clara, mais uma vez, na reunião realizada na manhã de ontem, convocada por Temer, no Palácio do Jaburu, que contou com a presença do ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo, um dos defensores da bandeira do plebiscito já.
A reunião era para tentar convencer os parlamentares a ajudar o Planalto.
Mas Temer e Cardozo, que estavam ainda acompanhados da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do ministro da Educação, Aloysio Mercadante, não obtiveram sucesso na missão determinada pela presidente.