Do Jornal do Commercio desta sexta-feira (5).

Moradores e comerciantes das áreas afetadas pelas obras da Copa do Mundo no Recife, Camaragibe e São Lourenço da Mata cobram do governo do Estado pagamento de indenizações, reparos em casas avariadas e mais diálogo com as famílias.

Eles entregaram ontem, na Secretaria das Cidades, uma síntese das reclamações, cópias dos relatórios da auditoria federal e da auditoria localsobre os problemas e um diagnóstico do Instituto Ethos sobre transparência nas obras da Copa.

Luiz Carlos da Silva, um dos prejudicados, mora no Loteamento Cosme e Damião, na Várzea, Zona Oeste do Recife, e ficou com a casa cheia de rachaduras por causa das obras do Ramal da Copa, corredor viário que vaifacilitar o acesso à Arena Pernambuco, em São Lourenço.

Segundo ele, desde março o governo promete consertar o imóvel. “Pediram para a gente desocupar porque o serviço ia começar logo.

Até agora não fizeram nada”, afirma.

Por causa dos danos, ele mudou-se para a casa da sogra, que fica ao lado da dele e foi parcialmente demolida para permitir a abertura da avenida. “Chove dentro da casa e as paredes estão cheias de cupim, não posso viver assim com minha família.

Quero minha casinha de volta, como era”, declara Luiz Carlos.

Ele mora no loteamento há 30 anos.

Além das rachaduras, restos de pedra ficaram largados no quintal da casa.

Os irmãos Rosinete Severina Macedo e Rivaldo José de Macedo, também de Cosme e Damião, perderam parte do quintal e aceitaram o valor da indenização sem questionar, mas ainda não receberam o dinheiro.

Eles faziam parte do grupo de moradores que procuraram a Secretaria das Cidades, na Boa Vista, área central do Recife, na manhã de ontem, para discutir o assunto. “O governo começou a conversar sobre as desapropriações com a gente em junho do ano passado, dizendo que não haveria problema nenhum e que eles arcariam com tudo.

Não foi o que aconteceu”, comentam Rosinete e Rivaldo.

Uma irmã deles teve a casa derrubada depois do Carnaval e não recebeu a indenização. “Ela ganha R$ 151 de auxílio-moradia para alugar outra residência”, diz Rosinete.

A casa de Lucicleide Maria dos Santos, moradora do mesmo bairro, foi derrubada em janeiro deste ano. “De acordo com o governo, o dinheiro está no banco, mas até agora a gente não consegue pegar”, diz ela.

Eles têm o apoio da Plataforma Copa Favela e das organizações não governamentais (ONG) Fase e Habitat Brasil.

Equipe técnica da Procuradoria-Geral do Estado e assessores da Secretaria Estadual das Cidades receberam o grupo, no fim da manhã.

A secretaria não permitiu a presença da imprensa na reunião. À tarde, representantes da Plataforma Copa Favela e do Habitat Brasil informaram o resultado do encontro.

Ficou acertada a criação de uma comissão para discutir todos os problemas, com reunião na próxima semana.

Os moradores também querem audiência pública para debater a situação.

O Ramal da Cidade da Copa será uma via com 6,3 quilômetros, ligando a Avenida Belmino Correia (PE-05), em Camaragibe, à BR-408 e à Arena da Copa, em São Lourenço da Mata.

Passa pelo Terminal Integrado e pela Estação Cosme e Damião do metrô, na Várzea, com duas faixas exclusivas para o transporte público, seis para veículos particulares (três em cada sentido), ciclovia e calçadas.

A avenida terá 32 metros de largura e custará R$ 131 milhões (recursos federais).

O governo espera concluir a obra viária até março de 2014.