Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem Do JC Online Pesquisa feita no Recife pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio, sobre as recentes manifestações populares ocorridas no País mostra que, apesar de grande parte dos entrevistados concordarem com os protestos, quase a metade deles acreditam que a prática da corrupção vai aumentar ou permanecer como está.
Segundo o levantamento, 89,8% das pessoas consultadas sabiam da ocorrência de manifestações no País e 90,8% concordavam com elas.
Entretanto, 32,2% dos que tinham conhecimento das ações opinaram que a corrupção permanecerá como está após o fim dos protestos.
Outros 17,6% disseram que o problema aumentará e 45% que diminuirá.
Não souberam ou não responderam 5,2%.
Estruturada sobre o grupo de pessoas que declararam ter conhecimento das manifestações, a pesquisa mostrou também a aversão dos entrevistados à classe política.
Para 94,9% dos entrevistados, os políticos brasileiros merecem as críticas feitas pela população.
Outro recorte aponta que 89,8% acreditam que a maioria deles é corrupta.
Para 37,5%, a população brasileira também é corrupta.
Imagem: JC Artes “Impressiona a grande aversão que existe na população à classe política”, disse o economista e um dos coordenadores do estudo, Maurício Romão. “É uma cicatriz que a pesquisa expõe”, afirmou.
O levantamento revela ainda que 49,3% dos entrevistados não têm preferência por nenhum partido político e que 29,6% acreditam que a democracia corre riscos com os protestos.
Em contraponto, para 63,5% o atual regime político não está ameaçado.
Maurício Romão é um dos que enxergam riscos nessa situação. “Quando se junta o descrédito político com a corrupção e o apartidarismo da população, há perigo para a democracia”, diz ele. “As pessoas não se consideram representadas pelos homens e pelas siglas e buscam canais alternativos reivindicatórios, como as redes sociais, para intermediar os seus anseios”, afirmou.
O levantamento aponta, entretanto, que 90,2% dos consultados preferem viver em uma democracia.
Violência Os entrevistados também foram questionados sobre a violência ocorrida em alguns protestos.
Para 74%, a prática enfraquece o movimento.
Outros 17,9% consideram que os atos de força fortalecem as manifestações, enquanto 6,9% não têm opinião formada sobre o assunto.
Ainda segundo a pesquisa, 30,7% das pessoas acham que os protestos interferiram de alguma forma em suas vidas – o que não ocorreu para outros 67,8%.
Situações envolvendo o trânsito, transporte e atrasos foram as mais citadas.
A violência só interferiu no cotidiano de 1,4% dos consultados.
Sobre o objetivo dos protestos, 18,4% opinaram que a melhoria na saúde é a meta a ser alcançada.
Para 16,6%, são os preços das passagens.
Outros 9,7% citaram o investimento em educação.
Na opinião de 93,5% dos entrevistados, os governos deveriam negociar e atender as reivindicações populares.
A principal mensagem das manifestações, para 15,6% dos consultados, é que “o Brasil não se calou”.
O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau realizou a pesquisa no Recife nos dias 26 e 27 de junho.
No dia 26, manifestantes bloquearam avenidas da cidade e entraram em confronto com policiais militares que protegiam a sede provisória do governo do Estado, no Centro de Convenções.
O confronto, naquele dia, resultou em oito detenções, sendo que três pessoas foram presas.
Todas já foram liberadas.
Foram ouvidas 813 homens e mulheres com 16 anos de idade ou mais.
A renda familiar de 42% dos entrevistados é superior a dois salários mínimos, e a individual, de até um mínimo para 42,8% dos consultados.
O nível de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou menos.
Gasto com a Copa Foto: JC Imagem Os gastos públicos com a Copa do Mundo foram criticados pelos entrevistados recifenses na pesquisa sobre as recentes manifestações populares ocorridas no País, realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio.
Segundo o levantamento, 78% dos consultados disseram concordar com a avaliação de que os custos bancados por verbas públicas para a realização do torneio são excessivos.
Até meados de junho, a organização do Mundial já custava cerca de R$ 28 bilhões ao Brasil, de acordo com informações repassadas em entrevista coletiva pelo secretário-executivo do Ministério dos Esportes e coordenador do Grupo Executivo da Copa, Luiz Fernandes.
A estimativa é que esse valor aumente ainda mais, superando os R$ 30 bilhões até 2014.
Dentro desse valor, está incluída a cifra destinada à Arena Pernambuco.
Segundo recentes declarações do secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, a expectativa do governo de Pernambuco é que o Estado gaste em torno de R$ 650 milhões com o estádio pernambucano.
Os custos com o Mundial e a Copa das Confederações foram alvos de ataques na onda de protestos que se espalhou pelo País.
Para manifestantes, os recursos públicos deveriam ser direcionados a áreas prioritárias, como a educação e a saúde.
Durante a Copa das Confederações, diversos confrontos ocorreram nas imediações dos estádios.
Na pesquisa, 74% dos entrevistados que declararam ter conhecimento da onda de protestos disseram que aprovavam “plenamente” a manifestação realizada no Recife em 20 de junho.
O ato, pacífico, reuniu mais de 50 mil pessoas na região central da cidade.