Por Otávio Luiz Machado Quando dias atrás a Presidenta Dilma fez o anúncio de que a reforma política entraria em definitivo na agenda do governo, o que se imaginava era um esforço inimaginável das principais lideranças políticas aliadas ao governo federal para se aprovar novas regras que atingiriam o sistema político imediatamente visando transformá-lo por dentro o quanto antes.
Mas isso não vem se concretizando como o esperado.
Mas o efeito que uma reforma política deseja causar, nesse caso nas próximas eleições (2014), parece ser uma causa distante, pois as resistências da oposição e da própria base aliada emperram as negociações, consome o exíguo tempo e deixa sem expectativa de mudanças efetivas ao país daquilo que não se tratou adequadamente desde os debates que chegaram à Constituição de 1988: uma reforma política ampliada.
As condições para um debate com a sociedade não encontrará conjuntura mais favorável do que agora, pois os anseios por mudanças foram expressos nas ruas, está na ordem do dia e produz uma propulsão que não se apagará tão cedo.
Se a reforma política não for adiantada para ter validade em 2014 talvez o País mais uma vez perderá outra oportunidade histórica, porque as mesmas regras para um jogo político nada limpo vão permanecer e se enraizar ainda mais na nossa cultura política.
Quando a decepção virar apatia, o País vai perder novamente.
Mas também não se pode fazer uma reforma política sem o mínimo de debate, o que leva tempo.
Qual a saída?
Diante da grande comoção nacional revelada nos últimos dias com os protestos, as principais lideranças partidárias deveria encurtar as férias legislativas e criar grupos de trabalhos para se trabalhar em conjunto com os principais temas mais urgentes na reforma política, como é o caso do financiamento público, do aumento da eficiência e da transparência no mundo político (como é o caso do fim do voto secreto nas sessões), dentre outras tantas.
Se é fato que a reforma política é a mãe de todas as outras reformas que o País precisa, então precisamos nos concentrar nela, seja no âmbito do governo, seja no âmbito da sociedade.
Se pudesse falar diretamente com todos os movimentos sociais ao mesmo tempo, diria a eles que agora é preciso focar na reforma política e não gastar energia na dispersão de tantos temas – também importantes – nesse momento. É um momento singular, único, que é primordial para se fazer mudanças que interferirão no presente e no futuro.
Pelo que indica a posição da Presidenta Dilma e de alguns governadores, como é o caso de Eduardo Campos, o início da reforma com a aprovação de alguns pontos em comuns sendo realizada nesse momento abriria terreno para que tantos outros pontos fossem promovidos ao longo de 2014 e após as eleições, o que facilitaria o próximo governante continuar firme nas reformas sem precisar começar tudo do zero.
Ao responder a pergunta que fiz no título do artigo, acredito que a reforma política virá, claro que não imediatamente atacando todos os vícios e defeitos no nosso sistema político, mas costurando alguns pontos pequenos que certamente frustarão muitos.
Mas como tudo na vida é um (re) começo, que comecemos a reforma política.
Seu começo representa desde já uma grande vitória. É pesquisador, educador, escritor e documentarista.