Do Jornal do Commercio desta terça-feira (02).

Não importa a origem do dinheiro - se federal, estadual ou da iniciativa privada -, Pernambuco tem uma série de megaobras atrasadas.

Algumas se arrastam há anos, como a Ferrovia Transnordestina e a Refinaria Abreu e Lima, outras apenas tiveram uma pequena mudança de prazos.

O que une os projetos, porém, é a grande expectativa de mudança que todos trazem à economia do Estado, da estabilidade nos empregos gerados pelas encomendas do Estaleiro Atlântico Sul(EAS) à promessa de desenvolvimento da Cidade da Copa.

Os motivos para os atrasos são diferentes: ora são projetos básicos malfeitos, caso da transposição das águas do Rio São Francisco, ora resultam de medidas positivas, como o InovarAuto, programa de incentivos fiscais para a indústria automotiva fabricar, nos próximos anos, carros com maior eficiência energética.

O InovarAuto estimulou várias novas fábricas de automóveis no País e exigiu adaptações da Fiat.

Mas a maior parte dos atrasos é nas obras de infraestrutura, públicas e privadas. “Veja a Transnordestina, que atrasou e teve um grande aumento de custo. É um projeto privado, com uma concessionária (Transnordestina Logística) e uma construtora contratada (Odebrecht)”, afirma Marcos Roberto Cavalcanti, presidente da Associação de Empresas de Obras Públicas de Pernambuco (Aeope) e vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

A ferrovia deveria ter ficado pronta, segundo o cronograma inicial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2010.

Mas atrasou para 2015 e teve o orçamento alavancado para R$ 7,5 bilhões. “Muitas vezes, os governos divulgam custo e prazo com projetos antigos, sem detalhar a obra e os custos: onde vão ser depositados materiais, a distância percorrida por tratores e caminhões. É por isso que depois que as obras começam vêm os grandes aumentos de preços”, argumenta Marcos Roberto. “No caso de uma Fiat ou uma Novartis (fábrica de vacinas em Jaboatão dos Guararapes), muitas vezes a demora é justamente na fase de projetos”, diz Cavalcanti.

O economista Sérgio Buarque diz que é preciso avaliar caso a caso. “No que diz respeito às obras públicas, algo que encarece os projetos é o alto custo de transação, uma mistura de fatores gerenciais e externos.

São questões ambientais, organizacionais.

Mas os projetos privados também têm suas complicações”, comenta o economista.

Apesar do atraso em prometidos projetos de infraestrutura - como o Arco Viário, rodovia crucial para o Grande Recife, e o polo automotivo da Fiat, em Goiana -, eles tendem a ser impulsionados pelo conjunto de megafábricas criado no Estado, projetos considerados irreversíveis, como a própria refinaria. “Mesmo com algum atraso, uma Fiat não veio para dois ou três anos.

Os grandes empreendimentos são pensados a longo prazo”, diz Sérgio Buarque.