Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem Por Roberta Soares, da coluna De Olho no Trânsito, do JC Online Era para ter sido um greve fraca como aconteceu nos últimos dois anos.

Em 2011 e 2010 os rodoviários tentaram cruzar os braços, mas as garagens das empresas de ônibus amanheciam repletas de candidatos ao emprego – mesmo ele sendo mal remunerado, estressante e insalubre.

As duas últimas paralisações dos rodoviários na Região Metropolitana do Recife foram assim.

No início da manhã havia poucos ônibus, mas com o decorrer das horas a oferta de coletivos tornava-se razoável.

Mas este ano foi diferente.

E a leitura para tal mudança é política: a criação de um grupo de oposição a quase vitalícia direção do sindicato dos motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. É claro que o Brasil vive um momento atípico, de reivindicação, com as pessoas sentindo-se estimuladas a protestar e a exigir mais qualidade nos serviços públicos.

Mas há um fato novo na greve dos motoristas de ônibus de 2013 – cito o ano porque sempre vivemos uma greve dos rodoviários ou a ameaça dela nos meses de junho/julho, data máxima para o dissídio da categoria.

Há anos os motoristas e cobradores reclamam do presidente do Sindicato dos Rodoviários, Patrício Magalhães, que há mais de 30 anos está à frente da entidade.

Quem vive o setor de transporte conhece as reclamações contra o líder, acusado de fazer conchavos com o setor empresarial e de não representar a categoria porque parou de brigar por ela há muito tempo.

Mas ninguém assumia a liderança da oposição.

Este ano isso mudou, com o surgimento da Oposição Rodoviária, que conta com a experiência da Conlutas em manifestações populares.

Ou seja, a força da greve dos motoristas este ano está mesmo na dissidência política.

Sabemos do impacto que uma greve de ônibus provoca no deslocamento e na segurança da população.

Mas há muitos anos os rodoviários não demonstravam força como categoria.

Vamos torcer para que, com o tempo, essa oposição não se torne situação e adquira os mesmos vícios daqueles que atualmente tanto critica.