Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB O Brasil está tomado por passeatas que já produziram duas consequências imediatas: a redução das tarifas do transporte público nas grandes cidades e a rejeição, pelo Congresso Nacional, da PEC 37, que reduzia o poder de investigação do Ministério Público.

Mas o povo nas ruas quer ir além e tem cobrado, de forma insistente, mudanças na educação, na saúde e na segurança, fora outras reivindicações pontuais como o combate à corrupção, a derrubada de outras PECs que tramitam no Congresso e muito mais.

Quem tem uma bandeira a defender, coloca-a em punho e segue os manifestantes.

No meio de todas essas reivindicações calou fundo em Pernambuco o desabafo via facebook de uma mãe, a sra Edilma Bandeira.

Indignada com o drama que viveu junto com seu filho de 23 anos no último feriadão do São João, D.

Edilma fez o que talvez seja um dos mais eloquentes protestos sobre o caos da saúde pública pernambucana.

Não precisou ir às ruas, não partidarizou seu drama.

Mas contribuiu e muito para que se possa entender porque, de repente, a insatisfação explodiu em todos os recantos do país.

Não se pode negar que Pernambuco tem feito investimentos fortes em saúde com construção de hospitais e de Upas mas, como mostrou com todas as letras a mãe aflita, estamos a anos luz do que se pode imaginar como um razoável serviço de pronto atendimento a quem, de repente, é obrigado a recorrer ao serviço público estadual.

Mostrando que prédios muito pouco significam se não há material humano, em qualidade e em quantidade, D.

Edilma contou que percorreu com seu filho uma UPA – a da PE 15 - e quatro hospitais públicos - Tricentenário, de Olinda; Oswaldo Cruz; Procape e Getúlio Vargas - até que, no desespero e temendo a morte iminente do filho, acabou carregando-o para um hospital particular após seu marido, que conhecia a direção do órgão, comprometer-se a pagar a conta da internação.

O rapaz, que já percorrera diversas macas dos hospitais públicos citados, tomado injeções, engolido inúmeros comprimidos prescritos nestes locais e feito inúmeros exames sem dignóstico, foi finalmente reconhecido como portador de uma pneumonia viral, foi medicado e voltou para casa, onde se encontra em repouso. “Muda Brasil” , escreveu D.

Edilma no final do seu depoimento.

Não é para menos. É impossível resumir o relato da D.

Edilma que tem mais de 100 linhas datilografadas e é minucioso mas o que ela disse basicamente?

Que na UPA tinha 80 pessoas para serem atendidas na frente do seu filho que estava com a pressão de 19 por 13.

Que no Tricentenário só tinha um médico de plantão que atendia a três pacientes graves e não poderia ver o seu filho que gritava de dor e falta de ar.

Que no Oswaldo Cruz uma médica o atendeu mas o despachou alegando que ali só se tratava de doenças infecto contagiosas.

No Procape foram feitos alguns exames mas o seu filho foi enviado ao Getúlio Vargas para fazer uma tomografia. “Aí começou a pior noite de nossas vidas” conta a mãe.

Ela relata que viu corredores cheios de macas com doentes abandonados, alguns dormindo no chão, enfermeiros que mais gritavam com os doentes do que os atendiam e um total descaso com a aflição alheia.

Após muito brigar com os seguranças, ela conseguiu ter acesso a seu filho, abandonado em uma área restrita, e ficou sabendo que a tomografia só seria feita na tarde do dia seguinte e que até lá ninguém poderia dizer o que ele tinha.

Desesperada, D.

Edilma conta que perdeu o controle, gritou, esperneou e tirou o filho na marra do hospital, sendo obrigada a assinar um termo de responsabilidade e a transferi-lo em um táxi porque ninguém autorizou que ele saísse de ambulância.

Sobre o hospital particular, após elogios ela pontua “ A conta?

O pai corre atrás para pagar o preço da vida.

Afinal empenhou a alma.” E conclui lembrando dos que não conseguem fazer o que ela fez “ E quem não tem alma para empenhar?”.

CURTAS Na dianteira – O senador Jarbas Vasconcelos deu demonstrações de que não está morto na disputa pela reeleição em 2014.

Como se não bastasse o fato de estar sintonizado com as ruas que preconizam a agonia da Era PT, as primeiras pesquisas de intenção de voto o colocam com quase 50% das preferências, muito na frente dos prováveis concorrentes até o momento.

Na moita – Apesar da boa popularidade, o governador Eduardo Campos anda sentindo na pele a força dos movimentos que eclodem nas ruas.

Tem preferido ficar mudo e cancelou toda a agenda política de provável candidato presidencial.

E mais: deixou de bater na presidente Dilma.

Tensão – Andam tensas as relações na bancada do Governo na Assembléia Legislativa.

Embora venham votando favoráveis ao Governo, muitos deputados da base reclamam pelos corredores do tratamento recebido.

O nível de insatisfação aumenta à medida que crescem os índices de intenção de voto para governador do atual senador Armando Neto.