Sobre o modelo de Eduardo Campos para reprimir Por Otávio Luiz Machado Quem acompanhou o desdobramento dos protestos ontem (26/06/2013) na cidade de Recife deve ficar se perguntando por qual motivo um governo tão bem avaliado pela população pernambucana precisa reprimir protestos de jovens que só querem pedir maior atenção para os problemas da cidade.

Em nota, quando o governador afirmou que teria atendido todas as reivindicações, o que se percebe de imediato na tentativa de neutralização do movimento é mais um ato de cinismo do próprio governador, que continua insistindo que no Estado de Pernambuco está tudo às mil maravilhas, que ele é competente e olha pra frente.

Como se olha pra frente, quando não se percebe que é no presente - e no que se apresenta como desafios atuais - que precisamos estar atentos para construir o futuro?

E toda e qualquer manifestação que mostra outro caminho para o futuro precisa ser considerada.

Não simplesmente reprimida.

Mal viramos o ano para 2013 e víamos mais um órgão do governo de Pernambuco tratar o caso do assassinato de um estudante da UFPE vindo da periferia como um Zé Ninguém.

Só com a mobilização dos seus amigos e colegas que foi possível tratar esse caso com o devido cuidado, pois o IML até então se recusava a aprofundar o seu trabalho de perícia.

No ano passado, também, quando o governador Eduardo Campos baixou uma medida para reduzir os protestos, o que se via mais uma vez foi a pouca disposição para o diálogo quando o povo ganha as ruas.

Sua atenção parece estar focada nas reuniões de gabinete, nos acordos de bastidores e na tranquilidade do Palácio.

Bem longe do calor das ruas e da alma guerreira de Pernambuco.

Nos protestos que aconteceram dias atrás nem a imprensa foi poupada, porque teve caso de repórter fotográfico que passou pelo constrangimento de apagar suas imagens por revelar ações ilegais da PM na abordagem aos manifestantes.

Nos protestos de ontem mais uma vez aconteceram prisões de manifestantes de forma arbitrária, que ficaram horas na delegacia à espera de uma posição da autoridade responsável, inclusive sem o devido atendimento correto aos advogados que lá estavam para garantir a devida defesa jurídica dos presos.

Até falta de identificação dos agentes do Estado fez parte desse momento, sem contar o envio de estudante para o presídio sem nenhuma possibilidade de defesa prévia, tendo como acusações fatos ridículos e desamparados de robustas provas.

Com tudo isso não se pode falar em ambiente democrático em Recife, porque as autoridades fazem de tudo para abafar a voz do cidadão, tendo como único molde resquícios de uma ditadura civil-militar que a sociedade brasileira recusou anos atrás.

A liberdade dos presos durante os protestos é a única atitude digna esperada do governador de Eduardo Campos nesse dia de hoje. É pesquisador, educador, escritor e documentarista