Foto: Amanda Miranda/NE10 Do NE10 Pelo menos cinco grandes manifestações na onda nacional de protestos foram realizadas no Recife em uma semana, a primeira delas com pelo menos 52 mil pessoas nas ruas do Centro da capital.
Após o 2º Ato Nacional, nessa quarta-feira (26), que começou na Avenida Agamenon Magalhães e acabou espalhada pela área central com atos de vandalismo e denúncias de uso de violência pela Polícia Militar contra os participantes, o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, convocou a imprensa na manhã desta quinta (27) para fazer um balanço das passeatas. “É hora de sentar à mesa com o Governo do Estado e dizer o que as pessoas querem além do que está sendo feito.
Nós estamos fazendo o dever de casa e estamos abertos à negociação”, disse o gestor estadual da segurança pública.
Embora afirme considerar o caráter legítimo dos protestos, Wilson Damázio explicou que o recado dos manifestantes já foi dado através dos atos e é hora de parar para debater as reivindicações com o Estado, não mais somente parar a Agamenon Magalhães e outras das principais avenidas do Recife em protesto.
O balanço geral da SDS aponta nove ocorrências ligadas à manifestação, sendo sete detidos e dois apreendidos suspeitos de depredação, resistência à prisão, roubos, entre outras infrações.
Dos sete detidos, quatro foram autuados em flagrante e dois deles, por não conseguiram pagar as fianças de R$ 2,5 mil e R$ 5 mil, encaminhados a unidades prisionais do Estado.
Um dos adolescentes apreendidos foi levado para a Fundação de Atendimento Socioeducativa (Funase) e o outro foi liberado.
Um estudante detido com bombas e rojões na mochila foi liberado após prestar depoimento.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da faculdade particular Fafire, Crislayne Maria da Silva, 19, foi acusada de agredir com bombas e pedradas policiais militares que tentavam conter as manifestações realizadas no Centro do Recife após o 2º Ato Nacional.
Autuada em flagrante, ela não conseguiu pagar os R$ 5 mil de fiança e foi encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife, conhecida como Bom Pastor, na Zona Oeste.
Representantes de diversas entidades estudantis estão se mobilizando de diversas formas em solidariedade à estudante, realizando um culto ecumênico e um ato em frente à unidade.
Wilson Damázio afirmou que foi apreendido um gás inflamável com ela, além de outros objetos.
Acusado de jogar pedras no ônibus que foi depredado na Avenida Cruz Cabugá, área central do Recife, Bruno de Cássio Pereira, 20 anos, não pagou a fiança de R$ 2,5 mil estipulada pela polícia após o seu indiciamento e foi encaminhado ao Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana.
Arthur Menezes dos Santos, 19, foi autuado em flagrante pelo mesmo crime e, levado para a Delegacia de Santo Amaro, foi liberado após fazer o pagamento da fiança.
Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) foram feitos contra as estudantes Lara Oliveira Buitron, 22, e Camila Aurea Cruz Oliveira, da mesma idade.
O secretário afirmou que as duas estavam próximo a grupos suspeitos de depredação e, por isso, foram detidas para averiguar se também causavam danos.
Camila tentou proteger colegas da ação da PM, segundo a SDS.
Lara é estudante de cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, detida por resistir à ação policial, protagonizou uma polêmica nas redes sociais após o reitor da universidade, Anísio Brasileiro, intervir junto à SDS sobre o seu caso.
O secretário negou que a ligação feita pelo reitor durante a noite teve influência na medida tomada contra a jovem, alegando que o TCO foi lavrado porque não houve comprovação de que ela estava envolvida nos atos de depredação.
José da Guia Negreiros, 19, foi também levado para a Delegacia de Santo Amaro após policiais encontrarem bombas e rojões na sua mochila.
O estudante prestou depoimento e foi liberado, de acordo com Wilson Damázio, por serem levados em consideração os festejos juninos, quando são usados muitos fogos de artifício.
Um dos adolescentes apreendidos estava também com fogos.
O outro é suspeito de cometer roubos contra manifestantes.
A SDS informou que, dos veículos do Estado, duas viaturas de combate a incêndios e um veículo de resgate do Corpo de Bombeiros (CB) foram apedrejados, além de uma motocicleta da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), que teria sido alvo de vandalismo.
A PM afirma que a moto foi depredada pelo estudante de história da UFPE Igor Alves Calado, 28, preso durante a noite e liberado depois de pagar R$ 5 mil de fiança.
Os manifestantes dizem que uma bandeira do Brasil levada por Igor ficou presa à moto e, por isso, ele foi abordado pelos policiais. 2º ATO NACIONAL - O protesto realizado nessa quarta-feira (26) foi programado através das redes sociais como uma continuação da manifestação que reuniu pelo menos 52 mil pessoas nas ruas do Centro do Recife na última quinta-feira (20).
Iniciado em clima de paz na Praça do Derby pouco antes das 16h, teve momentos de tumulto após a detenção de um jovem nas imediações de Santo Amaro, que foram agravados na chegada ao destino final: a sede provisória do Governo de Pernambuco, no Centro de Convenções, onde os manifestantes encontraram vários bloqueios policiais.
Depois de afirmar que receberia uma comissão de dez manifestantes para negociar, o governo desistiu de fazer a reunião e as lideranças do ato não puderam entregar a pauta com 13 reivindicações.
A noite no Centro foi de confusão.