Foto: BlogImagem Do NE10 Os cartazes pedindo melhorias no transporte, saúde e educação, assim como o coro de “sem violência”, tomaram conta novamente da área central do Recife na tarde desta quarta-feira (26).
Porém, diferentemente do primeiro protesto, realizado no dia 20 de junho, o clima de paz ficou apenas nas vozes dos manifestantes.
O “2º Ato Nacional”, que teve início de forma pacífica na Avenida Agamenon Magalhães, terminou com atos isolados de vandalismo e sem atingir o principal objetivo dos organizadores, que seria entregar uma pauta de reivindações ao Governador do Estado.
Organizado por estudantes e entidades ligadas à Frente de Luta pelo Transporte Público Recife, por meio das redes sociais, a manifestação se reuniu na Praça do Derby, de onde saiu em caminhada por volta das 16h em direção à sede provisória do Governo de Pernambuco, no Centro de Convenções.
O movimento foi ampliado com a adesão dos profissionais que trabalham na saúde pública, sendo a maioria enfermeiros e técnicos de enfermagem.
A categoria ocupou a Agamenon em protesto por melhores salários e condições de trabalho, por volta das 14h, e foi convidado a seguir em caminhada com os participantes do 2º Ato Nacional.
De acordo com a Polícia Militar, 500 pessoas participaram do protesto.
No entanto, os organizadores afirmam que o ato contou com no mínimo 2,5 mil manifestantes.
A polícia acompanhou o percurso, que seguiu de forma tranquila até chegar ao bairro de Santo Amaro, onde ocorreu o primeiro tumulto.
Policiais militares abordaram um jovem com suspeita de portar uma arma branca e fogos de artifício.
Alguns manifestantes tentaram evitar que ele fosse detido, provocando uma correria.
Pedras foram lançadas no meio da confusão e um repórter fotográfico da Argentina acabou sendo atingido na cabeça.
O ferimento foi leve e o jornalista não precisou ser socorrido.
Além do estrangeiro, um policial militar também foi atingido com uma pedra na clavícula.
Outra confusão em Santo Amaro aparentemente não está relacionada com o protesto.
Moradores da Comunidade do Campo do Onze bloquearam a Avenida Agamenon Magalhães, no sentido Recife-Olinda, e atearam fogo em pneus, sacos de lixo e tijolos.
O Corpo de Bombeiros foi acioando para apagar o fogo e liberar a avenida.
Enquanto isso, os manifestantes seguiam pelo outro lado da via.
De acordo com um balanço parcial da Secretaria de Defesa Social (SDS), três pessoas foram detidas durante a mobilização.
Além do suspeito de portar fogos de artifício, um adolescente de 16 anos foi apreendido suspeito de soltar bombas do tipo rojão contra o bloqueio da polícia, já em frente ao Centro de Convenções.
A SDS não divulgou informações sobre a terceira pessoa detida.
O clima de tensão inciado nas imediações de Santo Amaro ficou mais evidente após a chegada da manifestação ao Centro de Convenções.
A polícia montou um forte esquema de segurança no acesso à sede provisória do Governo.
Equipes da PM, incluindo o Batalhão de Choque e cavalaria, formaram diversos bloqueios ao longo de 500 metros da avenida Agamenon, impossibilitando que os manifestantes se aproximassem do Centro de Convenções.
IMPASSE NAS NEGOCIAÇÕES - Com uma pauta de reivindicações em mãos, os manifestantes solicitaram uma reunião com um representante do Governo do Estado para entregar a carta.
Inicialmente através da Polícia Militar e depois com a presença de representantes da Casa Civil, o Governo informou que apenas uma comissão formada por cinco pessoas seria recebida.
Com várias lideranças, os manifestantes alegaram que o número era insuficiente e que o grupo deveria ser de 30 pessoas.
Depois de mais de uma hora, o Governo aceitou que dez pessoas participassem do encontro, mas para as lideranças do protesto o número ainda era insuficiente.
As negociações continuaram até que rojões e pedras foram jogados contra o bloqueio da polícia.
Mesmo as lideranças afirmando que as bombas foram lançadas por integrantes do movimento, e sim por um pequeno grupo isolado, o Governo encerrou a possibilidade de negociação.
Em nota divulgada à imprensa, o Governo do Estado afirmou que a pauta “apresentada pelo movimento é legitima e já está praticamente atendida por ações concretas definidas pelo governo de Pernambuco antes e independentemente dos protestos”.
Porém, o NE10 teve acesso ao documento que seria entregue pelos manifestantes e constatou que várias das 13 reivindicações ainda não foram atendidas, entre elas passe livre para estudantes e trabalhadores desempregados, tarifa única para todo o Grande Recife e expansão do metrô para a Zona Norte.
MAIS TUMULTO - Com a impossibilidade de negociação, parte dos manifestantes foi embora e outra se dispersou.
Alguns voltaram para o Derby e outros decidiram seguir para a Avenida Cruz Cabugá.
A ideia do grupo era entregar a pauta de reivindicações na Vice-Governadoria.
Ao chegar na Cruz Cabugá, um ônibus foi depredado.
Alguns vândalos com rostos cobertos quebraram as janelas e picharam a frase “fora repressão” no ônibus de número 409 que faz a linha Paulista/Conde da Boa Vista.
Segundo a presidente do Sindicato das Assistentes Sociais de Pernambuco, Zenilda Lima, que presenciou a depredação, o grupo não integra o movimento.
OUTROS PROTESTOS - O dia de manifestações na Agamenon Magalhães começou no início da manhã, nas imediações de Santo Amaro, quando a avenida foi fechada por integrantes da Organização e Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP), representando moradores de várias comunidades do Grande Recife que aproveitaram a onda de mobilizações para reivindicar uma política estadual de moradia.
Depois, por volta das 9h30, o trânsito no Derby já era interrompido por dezenas de manifestantes do Movimento Resistência Pernambucana que decidiram antecipar o protesto previsto para a tarde por acreditar que ele não chamaria tanta atenção às 16h.