A capitulação de Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, ao reduzir em R$ 0,20 a passagem de ônibus em São Paulo, foi apenas uma vitória simbólica, descontado na conta de um pequeno grupo radical de esquerda, que se intitula MPL (Movimento Passe Livre).
A primeira grande vitória das manifestações de massa pelo Brasil deu-se nesta terça-feira, depois de duas falas claudicantes da presidente Dilma, com a decisão do Congresso Nacional em recuar na aprovação da PEC da Impunidade.
Essa vitória deve ser creditada à classe média que foi às ruas protestar contra a corrupção e os péssimos serviços prestados pelos governos.
Nunca entendi (só suponho) porque os bravos garotos do movimento nunca tenham criticado a corrupção ou defendido o combate à corrupção, sob a alegação, mentirosa, de que se trata de tese conservadora, reacionária.
Roubar pode?
Mensalão pode?
O que falta saber é se o Congresso deu uma resposta à tentativa de Dilma de tirar o corpo fora das pressões ou se o Congresso antecipou às pressões populares, sentindo o cheiro de queimado das ruas.
Agora, só falta apressar a prisão dos mensaleiros, mas isto é com o Judiciário.
Vamos lá Joaquim Barbosa.
No caso da Câmara, os deputados visivelmente foram pressionados pelas manifestações populares das últimas semanas.
A redução dos poderes de investigação do Ministério Público foi alvo de protestos nas ruas.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que chegou a pautar, mas depois teve de cancelar a votação da PEC 37 por falta de acordo entre delegados e representantes do Ministério Público, disse que “a Casa não pode se omitir”.
Mas vinha se omitindo sim. “Como o acordo não foi possível, esta Casa não pode se omitir e, portanto, vai votar e, na minha avaliação, vai derrotar hoje a PEC 37”, afirmou Alves depois de reunião com os líderes partidários.
Se a proposta não tiver 308 votos favoráveis, será automaticamente rejeitada e arquivada. “Esta Casa tem que estar antenada, com ouvidos, olhos e consciência bem abertos para as ruas que estão clamando por uma atuação mais eficiente e mais enérgica.
E ela fará, com muita consciência e responsabilidade.”.
Até o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu que a derrubada da PEC será “um gesto” da Câmara em resposta às manifestações. “Ocorre que houve manifestações de rua, com maior ou menor conhecimento [CONTRA A PEC], e o fato é que a PEC 37 acabou virando sinônimo de uma péssima iniciativa.
O presidente da Câmara tomou a decisão de colocar em votação e, na minha opinião, [A PEC]será derrotada.
Estamos fazendo um gesto de encontro ao que a sociedade vem pleiteando.” O líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que a derrota da PEC 37 coloca a Câmara em sintonia com as ruas. “A PEC 37, quando quer dar exclusividade a um ente só para investigar, ela já nasce torta e, por isso, será derrotada.
Vamos votar e derrotar porque, nas ruas, existe a mesma contrariedade dos que, aqui dentro, não são a favor.
E são muitos.
Vamos votar este tema e outros para sintonizar com a vontade popular.
Temos que aprender com o povo”, enfatizou o deputado.
Após a votação e a derrubada da PEC 37, será aprovada a urgência para uma proposta de lei complementar que defina o papel do Ministério Público nas investigações.
Essa proposta deverá ser votada em agosto.