Por Noelia Brito, especial para o Blog de Jamildo A oposição de direita formada basicamente por PSDB e DEM e pelo periférico PPS, ainda não aprendeu o que é ser oposição e subestimou a capacidade de reação do PT, em momentos de crise política, como os que ocorrem atualmente no país.
Pensaram ver a presidenta Dilma nocauteada na primeira mobilização popular, por não enxergarem nela, o mesmo carisma que há no padrinho Lula.
Acontece que o que há por trás, seja de Lula, seja de Dilma, é muito mais que o projeto pessoal de “A” ou de “B”, mas um projeto de poder de um Partido que se preparou muito e bem, para ascender ao poder e nele permanecer por muito tempo e não seriam passeatas levadas majoritariamente pela classe média e tomadas de assalto por pautas que sequer mexem com as estruturas de poder, que desviariam esse projeto de seus trilhos.
Pelo que, afinal, clamava o povo que foi às ruas que não estive ao alcance do governo central, leia-se PT, conceder, sem que para isso tivesse que mexer em suas alianças com a direita, ou seja, sem que tivesse que mexer com os acordos e concessões com a estrutura dominante?
Rigorosamente, nada!
Não se exigiu maior distribuição de renda, não se exigiu tributação sobre as grandes fortunas, nem a diminuição dos lucros dos bancos, nem muito menos uma auditoria da dívida pública que hoje consome quase a metade de tudo que o país arrecada.
Enfim, nada disso foi lembrado nas manifestações que tomaram conta do País.
Para pedidos vagos e despolitizados, a presidenta deu uma resposta vaga e despolitizada, o que lhe foi altamente conveniente.
Até a reforma política que foi exigida, esta não veio expressa sob qualquer conteúdo identificável.
O “fora partidos” que findou por abranger também sindicatos e toda e qualquer entidade que representasse alguma ideologia ou classe, fosse estudantil ou, fosse social, já se sabe que vinha orquestrado por grupamentos de direita interessados em despolitizar mais ainda as manifestações para que elas fossem conduzidas justamente ao vazio generalista a que chegaram.
A reforma política proposta por Dilma é aquela que o PT não conseguiu aprovar no Congresso Nacional, porque encontrou resistência das demais estruturas partidárias, que não se sentiram comtempladas com ela.
Agora, diante das manifestações nas ruas, o PT que pensavam encurralar com ditas manifestações, encontrou nestas, o ambiente ideal para propor a reforma que mais lhe convinha.
Uma visita ao site do próprio Partido dos Trabalhadores e qualquer cidadão constatará que as propostas trazidas à baila por Dilma ontem, nada mais são que o resgate da campanha já antiga de Reforma Política do próprio PT e que inclui, também, a polêmica Assembleia Constituinte exclusiva, a ser confirmada por um plebiscito, o que dará a nota de participação popular tão clamada pelas “massas” que hoje saem às ruas exigindo nada mais que “reformas”.
A Reforma Política petista, a ser realizada por essa Constituinte exclusiva e que estava emperrada no Congresso, até os protesto lhe darem o empurrãozinho de que precisava, prevê, ainda: financiamento público exclusivo de campanhas políticas; voto em lista preordenada para os parlamentos e aumento compulsório da participação feminina nas candidaturas.
Como se vê, tantos anos na oposição ensinou o PT a jogar muito bem em todas as posições do tabuleiro.
Só os muito ingênuos ou muito arrogantes não se aperceberam disso.
Noelia Brito é advogada e procuradora do Município do Recife