Por Guilherme Cavalcanti, advogado Gostaria de acreditar que os recentes protestos e manifestações revindicando as mudanças que o Brasil tanto necessita trarão resultado imediato, mas talvez seja colocar esperança demais em uma nação que já começou com uma política equivocada desde a independência (quiçá do descobrimento).
Enquanto muitos países tornavam-se independentes através da luta do povo, o Brasil a comprou (literalmente).
Nascia, então, a política da propina, que impera no país há quase 200 anos.
Sim, a redução das tarifas de ônibus em várias cidades brasileiras foi uma inegável vitória.
Todavia, não é esse fato singular que irá mudar o rumo do Brasil.
Para o país mudar, é preciso que a população mude antes.
Não há como esperar mudanças, entretanto, no local onde reina o famoso “jeitinho brasileiro”, em que sempre alguém quer ser mais esperto que outro; em que se sonega imposto; em que se fura fila e dirige-se pela contramão (entre outras mazelas) porque “não tem ninguém olhando”; em que quem segue as normas é que está fazendo errado e é alvo de piadas.
Se existem regras e leis, estas devem ser cumpridas, independente de fiscalização.
Como exigir que os políticos sejam honestos se a própria população não o é?
Sim, a carga tributária é altíssima.
Mas a sonegação implica que outras pessoas estão arcando com os custos.
O sistema viário não comporta a quantidade de veículos circulando.
Mas não é dirigindo pela contramão, para chegar mais rápido ao destino, que o trânsito irá melhorar.
Para que um País seja civilizado, é preciso que a população que lá reside também seja.
Manifestações e protestos são formas válidas e louváveis de demonstrar insatisfação contra o poder público, contudo não é depredando o patrimônio (público ou particular) e saqueando estabelecimentos comerciais que as reivindações serão ouvidas e atendidas.
Ademais, como protestar para que o poder público invista de forma correta, quando parte da verba será destinada para recuperar o patrimônio parcialmente destruído?
Esse dinheiro empregado para reconstrução poderia ser empregado em outras áreas, para maior benefício do povo. Óbvio: essa parcela supracitada é ínfima, enquanto o desvio de verbas é que, realmente, esvazia os cofres públicos.
Assim, uma forma válida de protestar seria não elegendo os mesmos políticos que estão no poder há anos, o que não ocorre, pois estes sempre são eleitos pela mesma população que protesta.
Outrossim, o Brasil ainda é uma nação dividida e preconceituosa.
Com o crescimento das redes sociais e a adesão a estas, torna-se cada vez mais evidente o preconceito existente das regiões Sul e Sudeste com a Norte e Nordeste, com infundadas afirmações de que estas últimas é que elegem os corruptos do país.
Esquecem-se, porém, que José Genuíno, João Paulo Cunha, Paulo Maluf, Marco Feliciano e Tiririca foram eleitos por São Paulo.
Mas divago…
Falta educação.
Porém, não a educação para aprender matemática, português ou história; mas, sim, a familiar, moral e ética.
Deve-se fazer o certo porque o certo é fazer o certo e não porque há fiscalização.
Quando a população abandonar o “jeitinho brasileiro” e passar a se ajudar mais, sem querer tirar vantagem da situação, o Brasil tomará um rumo diferente, com potencial para se tornar um país privilegiado, favorecido, também, pelas belezas naturais existentes.
O gigante acordou!
Mas até se levantar, ainda vai levar um longo tempo.